A maternidade possibilita um conjunto de experiências para todas que se tornam mães, mas transformar-se com a maternidade é para quem se permite. Como assim? Na maioria dos casos as mulheres passaram por experiências que lhes são comuns como: a gestação, alterações corporais e emocionais, o parto, etc. Essas situações fazem parte da nossa natureza para o nascimento do bebê, consequentemente o nascimento de uma mãe e para quem se permitir, o renascimento de uma mulher.
É a oportunidade de se ressignificar, encontrar suas sombras, descobrir novos potenciais, desfazer antigos preconceitos, ter novo olhar sobre si mesma e sobre o mundo. Para quem quiser saber mais sobre esse tema, eu recomendo o livro da Laura Gutman “A maternidade e o encontro com a própria sombra”, que me auxiliou muito durante a gestação e puerpério. Eu me permiti viver essa transformação por completo, então considero que a maternidade me concedeu muitos presentes além da minha maravilhosa filha. Ao longo do texto ilustrarei alguns dos que foram mais marcantes até o momento.
Aprender amar o meu corpo
O primeiro presente que a maternidade me deu foi aprender a amar o meu corpo. Por muitos anos, posso dizer até que por quase toda a minha vida, eu não me sentia bem com o meu próprio corpo. Sempre fui muito magra e quando chegou a puberdade achei que ia ganhar as sonhadas curvas. Eis que não foi isso que aconteceu, porque eu simplesmente ignorei a genética da minha família. Projetei um corpo estereotipado pela mídia que julgava ser o melhor para mim e acabei me frustrando e gerando baixa estima.
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Anos se passaram e entrou na moda ser magra. Assim foi ficando mais fácil lidar com meu corpo. Contudo eu ainda não me sentia bem porque havia a herança psíquica de inferioridade feminina que eu carregava comigo. Além disso, inconscientemente, tinha a sensação de que eu era menos mulher por não ter seios fartos e curvas. Ao engravidar, a insegurança com meu corpo voltou e o feminino ferido ressurgiu ainda mais forte. Só que desta vez eu resolvi encarar a sombra e ter um novo olhar sobre mim mesma.
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Foi um processo gradativo, doloroso, intenso e magnífico. A cada semana que meu corpo se transformava, eu me conscientizava de como somos seres únicos e perfeitos. No mesmo compasso em que os meus órgãos se reorganizavam internamente, eu olhava os medos e inseguranças que nele estavam abrigados.
Ao mesmo tempo que eu achava tão doido meu corpo ser capaz de tamanha transformação, eu percebia que loucura era ter pensado que ele não era perfeito do jeitinho que é. Os seios pequenos, que tanto me envergonhavam anteriormente, me proporcionaram a maior prova de amor ao alimentar satisfatoriamente a minha filha. Então, repito: a maternidade me possibilitou fazer as pazes com o meu corpo e me curar de antigas feridas.
Me libertar de antigas crenças sobre o papel da mãe
Sim! Vivenciar a maternidade nos proporciona revisitar a concepção que temos do que é ser mãe. Quando me tornei mãe senti na pele os desafios e pude compreender muitos posicionamentos da minha própria mãe. Inclusive lhe pedi perdão por todas vezes que a julguei ou agi com ingratidão. Hoje sei que as escolhas que ela fez foram considerando o que ela concebia que era o melhor para mim. Sei o quanto é gratificante e ao mesmo tempo uma super responsabilidade cuidar e educar alguém.
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Muitos falam que o “Dia das Mães” é besteira. Porque ser mãe é todo dia e esta é somente uma data comercial. E cá entre nós por muitos anos as campanhas comerciais também não favoreciam, relacionando mãe somente à eletrodomésticos e artigos para casa. Transmitindo uma mensagem equivocada.
Hoje percebo como uma mãe se reorganiza psiquicamente para atender as necessidades do bebê e ainda assim lidar com todas as suas demandas internas e seus afazeres. Ainda bem que as mulheres começaram a se posicionar de outra forma e foram mudando essa concepção que estava arraigada por tanto tempo. Tenho gratidão à todas que se empenham nesta transformação e vivencio essa data como um marco importante para valorizar e celebrar esse papel tão importante que é ser mãe.
Quantas vezes abrimos mão de algo para priorizar os filhos e por agirmos tão naturalmente esses eventos nem são percebidos. Ao menos em um dia do ano todos conseguem agradecer aquele ser humano que fica embaixo da capa da invisibilidade provendo o bem estar coletivo.
Conexões e apoio de mulheres maravilhosas
Este é o presente mais surpreendente e ao mesmo tempo é um dos mais valiosos. A maternidade faz com que as mulheres que até então “não tinham nada” em comum se aproximem e se acolham. Deixam de lado antigos preconceitos e se fortalecem. Ao vivenciarem a maternidade percebem o quanto há em comum entre elas e também respeitam suas singularidades.
Neste território da conexão esquecem rivalidades, nacionalidades, raças, credos, esteriótipos, etc, e vivem conectadas pelo amor em gerar seus descendentes. Isso é tão bonito e gratificante! Um exemplo deste presente é o nosso site Mães Mundo Afora! Gratidão por fazer parte deste time e que nossa atitude possa estimular novas integrações.
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