Qual é a relação entre maternidade e sustentabilidade?
Inicialmente notamos que ao gerarmos uma vida os nossos sentidos e instintos são aguçados, principalmente os elementos vinculados à sobrevivência. Refinamos nosso olhar para questões imediatas de manutenção da vida daquele ser que é dependente de nós. Também ampliamos o olhar buscando meios de garantir sua longevidade. Tudo isto por conta de o amor incondicional que nos preenche e nos impulsiona a querer o melhor!
Enfatizo que foi aí que o “tornar-se mãe” trouxe um novo olhar para um tema que sempre fez parte dos meus interesses: fazer o mundo um lugar melhor. Vieram à tona reflexões de como eu poderia utilizar os recursos naturais para sanar nossas necessidades hoje de forma a não comprometer os recursos para as necessidades futuras da minha filha.
Aquele futuro que antes parecia tão distante fica mais próximo e palpável. Então nos coube repensar antigos hábitos, ponderar sobre os impactos das nossas ações e também reformular nossa concepção de futuro.
Quando nasce uma mãe, nasce uma culpa!
Ao longo da gestação ouvia dizer que: “quando nasce uma mãe, nasce uma culpa” e percebi que isso acontece justamente porque queremos acertar em tudo, não cometer falhas, sermos perfeitas. Digo que senti na pele a primeira aparição da culpa quando comecei a correlacionar a maternidade e sustentabilidade.
O primeiro item que mais me preocupava era a utilização de fraldas descartáveis por conta do seus impactos ambientais. Pesquisei com algumas mães mais experientes sobre quais marcas de fraldas de pano eram boas e como era a dinâmica do dia a dia para utilização.
No auge das minhas reflexões sobre o tema, eu acabei sendo agraciada também com um maravilhoso chá de bebê surpresa no trabalho. Recebi muito amor dos integrantes da empresa e também muitos pacotes de fraldas descartáveis. Eram tantos que eu não precisaria comprar fraldas até, sem exageros, minha filha completar um ano. E agora, o que fazer?
Pensava na minha responsabilidade diante da educação da minha filha e de ter coerência entre o que eu defendia e o que eu praticava. Logo não adiantava ter ótimas intenções se não as colocasse em prática. Vivi dias de tortura interna e autocobrança pesadas. Principalmente porque que quando estamos grávidas ou na fase de puerpério contamos com uma enxurrada de hormônios que nos deixam mais sensíveis. Em resumo, tudo que vivemos se potencializa. Sejam eventos positivos ou situações desconfortáveis.
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Era um misto de felicidade por ser privilegiada em receber esse presente com uma angústia por não ser aderente ao que eu havia pensado sobre sustentabilidade. Portanto eu tinha conhecimento das alternativas, mas a praticidade das descartáveis era o que fazia mais sentido para mim naquele momento. Me vi diante de um turbilhão de emoções e recorri à técnica de meditação. Meditei para me acalmar e buscar a solução para questão.
Foi com base no auto acolhimento e conscientização de que sou um ser em desenvolvimento que liberei o peso da perfeição. De que adiantava eu optar por uma decisão que fazia sentido racionalmente se ter mais uma atividade (manutenção das fraldas de pano) me trazia elementos de stress e angústia. Sei que ainda tenho algumas limitações e as vejo como oportunidades de melhoria, e está tudo bem em ser assim. Não devemos carregar essa auto cobrança exacerbada! Não existe certo ou errado, existe a atitude que traz paz ao seu coração.
Ressalto que nossa saúde mental deve ser incluída na lista de prós e contras para ponderar qual opção seguir. Nossas ações também devem ser sustentáveis para nosso campo emocional! Eu opto pelo equilíbrio das escolhas! Para descobrir mais sobre isso, leia esse texto aqui com seis dicas sustentáveis para implementar na sua rotina.
Encontrando o caminho viável para conciliar maternidade e sustentabilidade
Já que escolhi as fraldas descartáveis quais são as outras atitudes sustentáveis que posso ter equilibrar? Eu busquei possibilidades que fossem compatíveis mim e para minha família naquele momento. Vou citar alguns exemplos de ações que praticamos que podem servir de inspirações para a lista de sustentabilidade de vocês. Leia a seguir.
- Compras
Optamos por comprar carrinho e bebê conforto de segunda mão para não impactar na produção de mais objetos de plástico e minimizar cadeia de consumismo excessivo.
- Doação
Comentamos com amigos e parentes que estávamos de coração aberto para receber doações de artigos infantis para nossa filha. Assim ganhamos berço, roupas, sapatos, brinquedos, etc. Esse movimento deixa todos contentes por saber que parte da sua história ganha nova vida com aquela criança que agora a utiliza. Amor que passa de geração para geração.
- Atitudes
Também tivemos mudanças de atitude com um recurso vital para nós que é a água. Diminuímos nosso tempo no banho e reutilizamos a água da banheira da nossa filha para encher a caixa da descarga ou lavar terraço.
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Às vezes podemos pensar que essas pequenas ações não são eficazes. Contudo essa pode ser uma armadilha do ego para não sair da sua zona de conforto, não mudar seus antigos hábitos.
Meu convite é para olharmos com a visão sistêmica e nos conscientizarmos que fazendo pequenas ações geram um grande impacto. E por fim, olhe com carinho para sua vida e veja quais ações você pode mudar sem comprometer sua saúde mental. O que você pode fazer hoje e que seus filhos terão orgulho da sua atitude. Acolha os pontos que você ainda não consegue modificar e intensifique o que já é possível e leve para você executar nesta conexão da maternidade e sustentabilidade.
Tem alguma dica para ser mais sustentável na maternidade? Compartilhe com a gente nos comentários!
4 Comentários
Ótima reflexão! Aqui eu procuro sempre doar qs coisas que não precisamos mais, temos muitas coisas que nos foram doadas também. Além disso, evito muitas coisas plásticas, não só os brinquedos em si, mas as sacolas e embalagens. É pouco, mas é assim que começa.
Oi Amanda, ótimo ponto que você trouxe sobre consumo de plásticos. Ficarei atenta para fazer melhores escolhas também. Bjos
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