Mãe de filha única! E agora?
Como mãe, já lidei com todo tipo de “cobrança”. E acredito que muitas de vocês também.
Se o parto foi cesariana, você não passou pela experiência real de ter um bebê. Se não conseguiu amamentar, você não sabe a importância do vínculo entre mãe e filho. Se voltou a trabalhar depois da licença maternidade, você está perdendo os melhores momentos do seu filho. Se deixou de trabalhar, está anulando a si mesma. Se o bebê dorme sozinho no próprio quarto, você não tem coração. Se o coloca em sua cama, está perdendo a intimidade com seu esposo.
Vamos combinar? Ser mãe não é pra qualquer um não!
Pois bem, resolvi falar sobre esse assunto porque, como mãe de uma adolescente de 13 anos, já passei e passo até hoje por todos esses desafios. E, para ser bem sincera, fui agraciada com uma cesariana, não amamentei, trabalhei, larguei o emprego e a minha filha sempre dormiu no próprio quarto. Ou seja, “cobrança” é o meu forte!
Fui professora uma boa parte da minha vida e como tal convivi com mães de todos os tipos, liberais, conservadoras, tradicionais, progressistas. E posso afirmar de carteirinha a seguinte frase:
As mães só erram porque querem muito acertar!
E isso serve para a minha mãe e para a sua também. Mas, voltando ao nosso tema principal sobre as cobranças, eu lidei muito bem com todos os tipos e paguei meus débitos em dia até que me mudei de país e velhos fantasmas voltaram a arrastar suas correntes aqui em casa.
Mudança de país
Moro em uma cidade linda no interior do estado de Ohio, com muito espaço para brincar, muito verde, casas e carros enormes e famílias gigantescas! Sim, os casais têm no mínimo três filhos por aqui e o céu é o limite até a aposentadoria da cegonha.
Sou de São Paulo, uma cidade completamente urbana que não para nunca. Muita buzina, gente em todos os cantos, prédios, apartamentos minúsculos, escolas que custam uma pequena fortuna, material escolar, passeios, lanche e uniforme. São muitos os gastos! Sem falar das coisas que almejávamos fazer: aquela viagem, um carro mais novo, uma casa com um banheiro a mais e por aí vai.
Pra nós, sempre foi muito natural ter um filho só. Na verdade, uma boa parte dos nossos amigos no Brasil têm no máximo dois filhos. Nunca me senti egoísta por ter feito esta escolha. Mas… não estava preparada para os olhares curiosos, ou mesmo de pena, quando dizemos que temos apenas uma filha única.
Mas entendo… lembra? Cobranças. A vida das mães está recheada delas!
Chegando aqui, percebi que, ao morar em uma cidade pequena, a vida toma outro sentido, parece que o tempo tem mais tempo. Sem falar da segurança, qualidade de vida e tudo de maravilhoso que só uma família grande pode oferecer. Senti o peso das minhas escolhas, cobrei-me por não ter “tempo” de ter mais filhos, logo eu que agora tinha todo o tempo do mundo. Uma casa grande sem crianças correndo, um quintal enorme sem brinquedos espalhados e, daqui a pouco, um ninho vazio! Fantasmas… correntes… buuuuu…
Leia também A rede de apoio que me falta e Carta a uma futura ou recém-mamãe
Conforme fui vivendo e convivendo com as mulheres daqui, enxerguei que as cobranças não eram uma especialidade só minha. Ter muitos filhos também acarreta um número significativo de cobranças e consequências. Onde moro não é tão simples e nem barato conseguir uma vaga num Daycare (creche). As mães dependem de babás para tudo e muitas delas deixam seus empregos para ficarem com seus filhos em casa.
Não é fácil sair com uma amiga para um café, ter um date (encontro) com seu esposo no Dia dos Namorados ou ir ao cinema. Sem falar na casa, nos brinquedos e naquele tempo tão sonhado para tomar um banho tranquilo e poder lavar o cabelo sem pressa. E o preço da faculdade?! Melhor nem comentar.
Ou sej: não importa onde você mora, qual a sua condição financeira e a quantidade de filhos que você tenha… você é mãe? Lá estarão os boletos!
O que quero dizer com isso, minha amiga?
As cobranças sempre estarão lá, cabe a nós lidar com elas da melhor maneira, respeitando a nossa caminhada, olhando com carinho para o que construímos, encontrando paz nas nossas escolhas, libertando os fantasmas e quebrando as correntes!
1 Comentário
[…] Leia mais: Mãe de filha única! E agora? […]