Dias de luto e em reflexão pelo tiroteio na Flórida: pensamentos de uma mãe
Lágrimas vieram aos meus olhos e meu coração partiu-se ao meio ao saber de mais uma notícia estarrecedora de tiroteio dentro de uma escola aqui na Flórida.
Dezessete mortos. Muitos feridos. Inúmeros traumatizados. Pais inconsolaveis. O suspeito? Um garoto de 19 anos, ex-aluno da escola. (leia mais aqui)
Algumas semanas antes eu já tinha ouvido falar sobre uma ameaça de tiroteio dentro de uma escola aqui em Orlando, mas que, felizmente, não passou de ameaça. Hoje, ao deixar minha filha na escola, ainda que em oração, como faço todos os dias, foi mais difícil deixar o local. A sensação é de que, de fato, não estamos protegidos senão por um só, que é Deus, e é Nele que devemos descansar.
De qualquer forma, fico pensando como podemos, no que depende de nós, proteger mais nossas crianças. Definitivamente não é tirando-as da escola, pois o perigo pode estar em qualquer lugar, infelizmente. Estou falando de atitudes para com elas. Que atitudes diárias cada um de nós pode ter para que esse mundo fique um pouco mais aceitável para eles no futuro?
Não precisa ser a pessoa mais informada para saber que o mundo está de cabeca para baixo. Crianças e jovens nem mesmo sabem quem eles são. Não sabem para que foram criados, não sabem quais são os limites.
E como fica a responsabilidade dos pais destes jovens? Não estou aqui querendo defender o atirador assassino, nem de longe. Com certeza é justo que ele pague pelos seus atos. Estou apenas imaginando o que se passa na cabeça de um jovem para que ele pegue uma arma e, simplesmente, entre numa escola e saia matando a quem passar pela frente. Como ele tinha acesso a tantas armas? Como ele passou a “amar” as armas de maneira tão fanática, conforme seus colegas descreveram? Talvez essas respostas apareçam com o tempo, mas ninguém passa a “amar” algo sem ter um relacionamento direto com a coisa.
Com tanta correria nos dias de hoje, tanta informação acessível, tantas opções de entretenimento, tantos brinquedos, tantos smartphones etc, será que não está faltando comunicação? Comunicação de verdade? Estou falando de olho no olho, de sentar frente a frente e conversar sem a interrupção de fones e bipes, sem televisão, sem internet, sem video games. Será que nós pais não estamos dando mais valor a inúmeras coisas inúteis ao invés de valorizar (isso significa dar tempo) a quem realmente importa?
Outra coisa a se pensar: a que tipo de informação nossos filhos têm acesso? Pelo menos as últimas duas ou três vezes em que fui ao cinema tive que sair no meio da sessão, diante de tanta violência a qual eu (uma mulher adulta!) estava sendo exposta.
Eu tomei a decisão de não assistir aquelas cenas, mas será que um jovem irá tomar esta mesma decisão? E quanto aos jogos online e vídeo games? O meu filho ainda é pequeno e aqui em casa não tem vídeo game, mas vejo muitas crianças em frente a jogos onde quem ganha é quem mata mais. Que tipo de aprendizado essa criança vai levar para a vida? O tipo de informação a que uma criança tem acesso vai determinar em grande parte o que ela vai ser e no que vai acreditar quando crescer.
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Há pouco tempo, no Brasil, morreu uma menina de apenas sete anos que assistiu um vídeo no youtube, que mostrava um desafio de quem aspirava desodorante por mais tempo, ou algo assim. A menininha inocentemente quis participar da “brincadeira” e, infelizmente, não resistiu. A maldade está espalhada por aí. Cabe a nós tentar guardar nossos filhos. Eles precisam saber que o mal existe e que têm que se proteger. O que eles não precisam é ter acesso a tudo!
Novamente digo: não estou aqui querendo julgar os pais deste rapaz, que inclusive já faleceram e eram, na verdade, pais adotivos dele. Cada pessoa é responsavel pelos seus atos.
Fica aqui apenas essa reflexão: façamos a nossa parte como pais e mães. Gastemos tempo com nossos filhos! Não permitamos que eles tenham acesso a todo tipo de informação! Coloquemos limites! Sejamos firmes! Mostremos a eles o nosso amor através de palavras, atitudes e disciplina. O que uma criança mais deseja é ser amada e valorizada e saber quem ela é. Peçamos a Deus sabedoria diariamente para ensinarmos aos nossos filhos o caminho onde eles devem andar. Peçamos também muita proteção e que Ele guarde a nós e a nossos filhos.
4 Comentários
Muito interessante seu texto.Continue escrevendo.Deus te guie.
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