Tratamento ayurveda com um bebê na Índia.
Não sei se vocês conhecem o ayurveda, que é uma medicina milenar muito comum na Índia. Ayurveda vem do sânscrito e significa “ciência da vida”. Essa medicina milenar procura o equilíbrio entre corpo, mente e alma.
O médico vai olhar para o paciente no seu completo, vai procurar saber sobre sua vida, como se sente, o que come e como come, como dorme, os exercícios físicos que pratica, enfim, ele vai te tratar no seu conjunto.
Eu conheci o Ayurveda há 4 anos e desde então a minha vida mudou. Antes, minha farmácia de casa vivia empanturrada de remédios e tratamentos que não me traziam benefício algum. Mas, como eu só conhecia a medicina ocidental, pra mim era a única forma de me tratar.
Tenho um casal de amigos suíços que sempre me falavam deste tratamento. Eles são adeptos, vão à Índia uma vez ao ano e sempre me chamavam. Porém ainda não me sentia pronta e, realmente, você tem que estar pronto e receptivo para o tratamento, pois se você não aceitar as recomendações perderá seu tempo e dinheiro.
Em 2014, meus amigos me chamaram novamente e dessa vez disse sim. Fiz a viagem sozinha até a Índia. Fui para o Kerala, conhecido como o berço do ayurveda. Meus amigos suíços estavam me esperando no aeroporto e isso facilitou bastante. Me sentia preparada para este novo desafio, não tinha absolutamente nada a perder, me entreguei de corpo e alma.
Fui para uma clínica familiar onde todos são médicos de pai para filho. O lugar era pequeno com uma equipe muito atenciosa e cuidadosa.
O tratamento ayurveda
Primeiro passo depois da minha chegada foi a consulta médica para conhecer todos os sintomas que eu apresentava, falar um pouco de mim, da minha história de vida. Meu tratamento, que fazia até então, era paliativo. Decidimos parar com ele. Fui com uma sacola cheia de remédios e voltei com ela do mesmo jeito. O regime é totalmente vegano. Tem pessoas que não aceitam e vão embora. Plantas medicinais são base do tratamento. Massagens todos os dias com direito a muito óleo. Ioga todas as manhãs, seguido de pranaiama, mantra e canções.
O tratamento é sempre adaptado à patologia do paciente e com o acordo dele. Nada é imposto. Você pode aceitar ou não. Eu estava pronta. Aceitei e vivi essa experiência de uma forma enriquecedora e única. Depois de 3 semanas de tratamento, eu era uma nova mulher, sem remédios, sem enxaquecas, sem dores no estômago. Era intolerante à lactose e nem sabia. Voltei com energia de sobra. Ioga é vida! E na bagagem muito aprendizado.

Foto: Arquivo pessoal
Voltei pra casa, e foi aí que o caldo engrossou! Quase um mês longe do marido, aquela saudade, um descuido e pah, grávida! Foi o nosso bebê surpresa e tudo correu bem durante a gravidez. Tive algumas complicações devido à doença degenerativa que tenho, mas nada grave (escrevi um pouco sobre minha condição aqui). Assim que a minha filha nasceu comecei a preparar nossa viagem para a Índia.
Viajando para a Índia com um bebê
Passaportes em mãos, visto e lá fomos nós. Ela tinha apenas 3 meses e minha família me chamou de louca por viajar com um bebê tão pequeno. Louco seria não buscar melhorias para a minha saúde.
A viagem correu bem apesar de ser cansativa. A filhota não estranhou nada e eu a amamentava, o que facilitou bastante as coisas. Na viagem levei o sling, o famoso bebê canguru. Que invenção divina! Usei o tempo inteiro. Chegamos em Kozhikode e o meu médico já nos aguardava. Do aeroporto até a clínica é mais ou menos uma hora de carro. Na Índia, o bebê conforto não é obrigatório, você quase não vê. Levei o carrinho e a cadeirinha e digo que não foi um luxo, é extremamente necessário vendo como os indianos dirigem. Cada passeio é um mini ataque cardíaco.
Na clínica, tínhamos um quarto com uma cama de casal e um banheiro. O cômodo era espaçoso, com uma pequena varanda e um ventilador de teto que salvou nossas noites quentes. Fomos no verão e fazia muito calor. Eles compraram uma banheira de bebê e uma almofada de amamentação, estes dois itens foram de grande valia pra mim. Dormimos juntas todos os dias. Nesse ponto foi muito cansativo, porque bastava eu me mexer para que ela acordasse.
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Nossa rotina era assim: acordávamos às 6h30 da manhã, tomávamos um chá de gengibre com folhas de tulsi. Tulsi é uma planta parecida com o manjericão, de origem indiana é e conhecida por suas virtudes purificativas. Às 7h, tinhamos nosso curso de ioga, seguido de pranaiama, mantras e meditação. Uma forma deliciosa de começar o dia. Minha filha me acompanhava e ficava quietinha.
Por volta das 8h30, eu tinha minha massagem que fazia parte do tratamento, era o único momento em que ela chorava, pois não suportava ficar longe de mim. O restante do dia era descanso ou passeios perto da clínica.
Foi assim o nosso cotidiano durante 3 semanas, período em que durou o tratamento. Quando voltamos pra casa, confesso que fiquei aliviada. Ter a ajuda do meu marido durante as noites parecia um sonho distante.
Foi mais uma experiência enriquecedora. Desde então já voltei duas vezes, mas fui sozinha. Tenho planos de ir esse ano novamente. Não tomo mais pilhas de remédios, aprendi a escutar meu corpo, meus limites. Aconselho a quem queira sair da sua zona de conforto e mudar seu modo de vida.
Leia mais sobre o assunto: https://super.abril.com.br/saude/ayurveda/
Clinica onde ficamos: http://ayurmali.com