Qual o doce que mais combina com o Natal? Eu, desde que me conheço por gente, sei que Natal não tem o mesmo sabor se não tivermos o delicioso Panettone! Aqui na Itália, em meados de setembro, as prateleiras dos mercados já enchem nossos olhos com lindas caixas e embrulhos que guardam um dos doces mais calóricos e gostosos da ceia de Natal.
Existem desde o tradicional e clássico Panettone com frutas cristalizadas, que são a maioria, aos que nem levam fruta nenhuma. Hoje existem também as versões com recheio de creme ou geléia, com gotas de chocolate ou recheio de chocolate e, claro, as versões sem glúten e por aí vai. A idéia é agradar a todos os paladares e assim garantir que essa delícia esteja presente na mesa de todos na noite natalina.
Tradição italiana
De fato, aqui na Itália o Panettone é uma tradição e come-se essa iguaria de norte ao sul do país. Contudo, o que me impressiona é que as pessoas falam mesmo sobre isso. Perguntam se já escolhemos o Panettone da ceia e ainda opinam sobre o tema com intenção de garantir que façamos a escolha certa. Desde 2005, existe uma legislação para autenticar a receita original que é: ovos, manteiga (no mínimo 16% da massa total), frutas cristalizadas (no mínimo 20% da massa total), aromas naturais e fermentação natural. Não tem como errar na escolha, simples assim!
O Panettone de Milão
Como tudo na Itália é regionalizado, com o Panettone não seria diferente. Portanto, essa deliciosa invenção vem da cidade de Milão e surgiu durante a Idade Média, aproximadamente em 1495.
Existem algumas teorias. A de que eu gosto mais é do jovem Toni apaixonado, que para impressionar o sogro, que era padeiro, decide criar um pão doce de sua própria “autoria” e assim garantir o coração da sua amada. Em uma outra, também bastante contada, diz-se que um chefe de cozinha da corte de Milão, também chamado Toni, deixou queimar o doce que seria servido e sem saber o que fazer decidiu juntar os últimos ingredientes que sobraram para fazer uma espécie de pão doce.
Em ambas teorias, Toni teve um final feliz! A receita criada para agradar o sogro foi um sucesso e garantiu o coração de sua amada. E também na corte, o chefe com sua receita improvisada garantiu o sucesso da festa. O sucesso foi grande e a receita ficou famosa como o “Pane di Toni” ou “Pão do Toni”, que correndo à boca pequena foi rapidamente chamado de Panettone.
Teorias à parte, a verdade é que essa receita realmente agradou muita gente, tanto é que foi levada para o Brasil e para a Argentina pelos imigrantes italianos!
O que dizem os especialistas
De acordo com um especialista, Davide Oltolini, italiano, crítico enogastronômico e especialista em análise sensorial, de vinhos, queijos, chocolates e, é claro, Panettones, “mesmo os que são vendidos a preços mais baixos no mercado ainda assim possuem boa qualidade. Isso porque as grandes redes utilizam o Panettone como ‘chamariz’ para atrair clientes”.
Segundo o mesmo especialista, o Panettone de boa qualidade deve ser macio, aveludado, com casca dourada, jamais queimado e frutas cristalizadas em abundância. Depois de aberto, deve ainda manter a consistência macia e úmida. Outra observação importante é que o Panettone de boa qualidade não deve jamais provocar queimação de estômago ou má digestão.
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E na hora de comer essa delícia, eu diria que combina bem com um bom café, cappuccino, chá quentinho e até um suco de frutas. Contudo, a recomendação do especialista é que seja apreciado com um bom espumante. Sim, os italianos adoram comer Panettone com espumante!
Diz-se que a forma correta de servir o doce mais calórico de natal é colocá-lo ligeiramente para aquecer na calefação (método bem caseiro…rs), para que o aroma e sabor exaltem. E então, que seja servido com um bom vinho moscato. Champanhe nunca, mas se quiser insistir que seja no mínimo champanhe demi sec.
E nunca, jamais, servir com creme de chantilly, como é feito com o Pandoro (logo mais explico).
Consumo médio na Itália
Esse dado é um pouco antigo, mas se pode ter uma idéia do quanto o panettone é consumido aqui na Itália. Quase 100 milhões de panettones e pandoros foram produzidos em 2008 pelo preço de 600 mil euros. Portanto, considerando que a Itália tem 60 milhões de habitante, significa que a média de consumo por habitante é maior que um panettone e meio. Apesar de que não é difícil comer mais do que um panettone durante o mês de dezembro!
O Pandoro de Verona
Mais acima mencionei sobre o Pandoro, que também é um doce consumido nessa época, mais precisamente no Ano Novo. Se trata de um bolo da cidade de Verona (aquela de Romeu e Julieta, mas também de tantas outras coisas lindas), que também é antigo e muito famoso. Tem um formato de cone, com a base em forma de estrelas com oito pontas. A massa tem cor dourada por causa do ovo, e tem um gostoso aroma de baunilha. É servido com açúcar de confeiteiro e creme de chantilly. Eu mesma virei fā.
Ou seja, não tem como falar dessas delicias e não ficar com água na boca. Aqui em casa a degustação já começou, e a nossa bebê de 11 meses também amou. Cada pedacinho ela esboça um belo sorriso de satisfação. Uma graça!
E falando em degustar, aqui encontramos muitas marcas, bem mais que no Brasil. Além, claro, das famosas receitas das padarias locais e também de família.
E você, também gosta de Panettone? Como costuma consumir essa delícia? Deixe aqui nos comentários. Vou adorar saber, conte nos comentários!
3 Comentários
Adorei o texto!! Aqui na Inglaterra eles tem outras comidas natalinas que não me agradaram, pois são todos de massa bem densa tipo o Christmas pudding ou christmas cake, mas conseguimos achar panettone em alguns supermercados e estamos explorando as (poucas) opções no nosso primeiro natal por aqui! Além das comidas daqui, eles gostam muito das coisas alemãs. Boas festas!!
Feliz que você tenha gostado. Eu mesma adorei escrever sobre este tema, porque sou fã desse doce natalino maravilhoso e saber um pouco mais da tradição foi encantador. Obrigada pelo carinho. Bjs
Uma dica: vale a pena passear na Itália nessa época só para levar panettone na mala. Bjs