Enxoval de bebê na França.
Quando mudamos para a França, foi preciso reduzir nossos pertences a 4 malas de 32kg. A decisão havia sido tomada três meses antes. Foi uma correria para preparar tudo entre enjoos e consultas de pré-natal. Eu estava grávida de cinco meses quando cheguei.
Eu não tinha ideia do que iria encontrar aqui em termos de enxoval. E teríamos que procurar uma casa, emprego para meu marido, médico obstetra, conhecer maternidades e eu não sabia falar francês. Além disso, minha filha é a primeira neta dos meus pais. Foi pensando nesses fatores, que decidi fazer a sexagem fetal no Brasil e poder dar a chance da minha família e amigos se sentirem mais incluídos na gravidez sabendo quem estava ali dentro.
O resultado foram duas malas, das quatro que tínhamos direito, cheias de roupinhas, mantas tricotadas à mão há 30 anos e que passaram por todos os bebês da família, fraldinhas e toalhinhas também bordadas com o nome escolhido, cueiros feitos por minha mãe para os filhos, sapatinhos feitos pela minha avó. A maioria das peças eram, entretanto, até três meses.
Eu falava com entusiasmo da minha filha já a chamando pelo nome e mostrando diversos itens do enxoval para a família do meu marido. Hoje, fico imaginando o que eles não deviam comentar de tudo isso. Já que aqui a tradição é não dizer o nome escolhido até o nascimento. Apenas o casal sabe. Eles acreditam que traz má-sorte anunciar antes. Algo que deve vir lá do passado quando muitos nasciam mortos ou morriam no parto.
Eu não fazia ideia disso e estranhava um pouco eles falando da minha filha como “o bebê”. Enfim, a partir desse costume já dá para imaginar que não existe chá de bebê aqui, né? Nem enfeite de porta de maternidade, nem lembrancinha para visitas, mesmo porque eles são bem conscientes do momento. Chegam cartões de boas-vindas pelo correio e presentes. Mas apenas a família bem próxima vem conhecer o bebê nos primeiros meses.
Os franceses são bem mais objetivos no quesito enxoval. Os quartos de bebê não contam com uma super decoração. Não existe essa moda de protetor de cadeirinha do carro, protetor de carrinho, protetor de berço super almofadado (que, aliás, é perigoso segundo os pediatras), conjunto com várias bolsas para a maternidade, tudo personalizado. Decoração para quarto de maternidade então, acho que eles nem sonham que isso existe. Nem foto do parto eles fazem!
Tons mais neutros para os pequenos
Roupas aqui são bem mais baratas que no Brasil no geral. Outra diferença são as cores. Nas lojas infantis, azul marinho, branco, cinza e ocre reinam. Os tons são mais neutros e menos chamativos, principalmente se for a coleção outono-inverno. Ainda assim, achei que a polaridade azul para meninos e rosa para meninas seria bem menos forte do que é aqui. Mas ela existe, sobretudo em lojas de departamento. É menor que no Brasil, mas presente. Vestidos para as meninas são mais simples e confortáveis. Mesmo na coleção primavera-verão, as cores, embora mais vivas, são em tons mais escuros.
Na minha opinião, as crianças são menos coloridas aqui. Peças com cara retrô estão em alta. Desde os shorts bufantes (inclusive para meninos), jardineiras e casaquinhos de tricô, chamados aqui de brassières, até as toquinhas estilo aviador em tons pastéis são bem comuns.

Arquivo pessoal
Laços em bebês são raros de se ver. Enormes como a moda atual no Brasil então nunca avistei por esses lados. Sapatos não são preocupação antes do bebê andar. Não tem opções com strass, laços, brilhos. Quando os pequenos começam a dar os primeiros passos, geralmente os pais escolhem botinhas especiais para esse momento do desenvolvimento, que contém solado que auxilia a formar a curva do pé. É preciso lembrar que as crianças andam menos descalças aqui por conta do clima. E é normal que tenham apenas um ou dois pares, que se somam ao “chausson”, uma espécie de pantufa para ficar em casa.
Saiba mais sobre Aniversário infantil na França
Mantas e cobertores são substituídos pela turbulette ou gigoteuse, algo como um saco de dormir especial para bebês. Essa peça do enxoval me causou bastante estranheza. Ela estava na lista que a maternidade me entregou dizendo o que levar. Eu decidi não comprar, pois achava que minhas mantinhas serviriam. A turbulette é uma peça que possui alças para prender nos ombros do bebê e na parte de baixo não tem divisão para as pernas. A lateral é fechada com zíper. Dessa forma, o bebê pode se mexer que não fica descoberto e não há risco de sufocamento (você pode ler sobre a recomendação do uso da turbulette aqui).
Acabei ganhando uma de presente e me rendi à praticidade e segurança delas. Minha filha nasceu no fim de outubro, quando já está bem frio aqui, então a turbulette se tornou um item indispensável, inclusive a ajudava a entender a rotina de dormir. Até hoje, na creche, as professoras pedem para levar uma turbulette para a hora da soneca.
Produtos mais caros
O carrinho de bebê é algo que traz uma dor de cabeça para pais de primeira viagem. Eu demorei muito para escolher, imaginando todas as necessidades que ele deveria cobrir. Eles também são mais baratos que no Brasil, mas ainda assim um item caro da lista.
Um modelo que vem ganhando espaço aqui é de um carrinho mais simples, leve, compacto e que é totalmente dobrável para o transporte. Mas também é possível encontrar aqueles maiores e imponentes com o bebê conforto incluído, o moisés e um banco maior para acompanhar as fases do bebê.
O mercado de produtos usados aqui é bem amplo e comum. Cada fim de estação, associações, escolas e igrejas se organizam para fazer os “vide grenier” ou “brocante”, que seriam feiras de usados. Roupas, móveis, brinquedos são facilmente encontrados em ótimo estado e por um preço bem abaixo dos produtos novos. É um bom caminho para quem quer economizar no enxoval. Para saber mais sobre essa cultura, clique aqui.
Berço também foi algo que achei caro por aqui. As opções mais simples tem preço razoável e o mercado de usados possui diversos deles para vender. Mas aqueles suspendidos, os que acoplam na cama, os moisés, ou com cara de berço de época possuem preço alto para os padrões franceses. Essas caminhas baixinhas com forma de casinha, muito na moda no Brasil, também.
Estilos diferentes
É bem nítido, para mim, que os franceses não fazem do nascimento esse grande acontecimento, com diversos preparativos, como no Brasil. Eles se concentram mais com o que é necessário, deixando de lado muito do excesso que temos na nossa cultura. Existem muitas estampas lindas aqui, roupinhas fofas, produtos que nos fazem querer comprar como em qualquer lugar, é a lógica do comércio. Porém, praticidade e objetividade são conceitos bem presentes na cultura deles. Assim como deixar a criança confortável. Nada que incomode tem muito espaço por aqui.
Se você quer um enxoval todo personalizado, é melhor trazer isso do Brasil. Roupas mais coloridas também. Com estampa de personagens você quase não irá encontrar. Mas pijamas e casacos quentinhos, algodão orgânico, botinhas para primeiros passos, turbulettes e tons neutros estão em praticamente todas as lojas infantis francesas.
A seguir, fiz uma lista de algumas das lojas infantis mais conhecidas por aqui:
Sergent major
Dpam (Du pareil au même)
La compagnie des petits
Petit bateau
Catimini
Jacadi
Orchestra
Okaidi
Kiabi
H&M
C&A
Zara
Vertbaudet
Natalys
Moulin Roty