English Learners: o programa que ensina inglês para estrangeiros nos EUA
Quando nos mudamos para os Estados Unidos, no início do ano, tivemos orientação com relação a parte educacional dos nossos filhos. Para nós, indicaram as escolas públicas como uma excelente opção. Isso porque, com base nessa decisão poderíamos ter ajuda do governo americano para ensinar inglês às crianças. Em princípio, não entendemos muito bem o significado, mas, posteriormente, agradecemos muito a oportunidade, bem como a decisão tomada.
Os Estados Unidos adotam um Programa do Governo Federal para ensinar inglês para estrangeiros – o English Learners. Cada estado membro estabelece suas regras quanto à implementação e organização do programa. Aqui na Califórnia, ele é oferecido dentro da própria instituição de ensino para as crianças em idade escolar. Ao matricular o estudante em uma escola pública, ele passará por uma avaliação e, se necessário, será inserido no programa chamado English Learners. O programa não é um mero curso de idioma – é uma ferramenta para que os novos residentes consigam acompanhar o ensino referente à sua idade primando sempre pelo aprendizado integral.
Uma observação importante: para matricular uma criança em escola pública nos Estados Unidos é preciso apresentar muitos documentos. Nada fácil. A comprovação de residência é fundamental, já que as escolas são determinadas pelo bairro em que a família reside.
Sobre os desafios e vantagens do inglês como segunda língua na infância, leia esta entrevista.
No nosso caso, nossos três filhos ingressaram no English Learners. Eles chegavam 30 minutos antes do horário normal da aula e já faziam algumas tarefas no computador. Depois, durante o dia, eram levados por mais um período de meia hora num grupo pequeno. Ali, um professor especializado ensinava inglês respeitando a idade e o nível de fluência de cada aluno.
Além do acompanhamento frequente, há também reavaliações periódicas até o momento em que o aluno se equipara aos níveis da língua das crianças da sua idade. Nesse momento, com a aprovação e proficiência na língua, ele é dispensado pelo programa.
Antecedentes históricos
De que maneira surgiu essa ajuda para os estrangeiros?
Primeiramente, a colonização americana se deu, em sua maior parte, por imigrantes europeus. Eram pessoas que buscavam um novo lar, um novo país. Dentre muitos motivos que eles tinham para deixar sua terra natal destacam-se as guerras, intolerância religiosa, assim como, a escassez de trabalho. O famoso “sonho americano” se iniciava naquele momento.
Posteriormente, constatou-se que a diversidade cultural, de idiomas, de religiões poderia gerar dificuldade para adaptação no novo país. Embora no séculos XVII e XVIII cerca de 18 idiomas diferentes fossem utilizados nos Estados Unidos, já no século XX a íngua inglesa foi se firmando. Naquela época, muitas escolas ainda utilizavam o sistema de educação bilíngue em seus estabelecimentos.
Com tanta diversidade, foi somente a partir da década de 60 que surgiu a necessidade de se estruturar um programa oficial que fortalecesse a língua inglesa. O objetivo era promover o ensino do idioma para os imigrantes que nunca pararam de chegar.
Atuação do Governo
Segundo os dados do site National Clearinghouse for English Language Acquisition, (Câmara Nacional para Aquisição da Língua Inglesa), aproximadamente cinco milhões de estudantes têm deficiência no inglês. Com esse alto índice, para que o nível de educação não fosse prejudicado, algumas medidas passaram a ser tomadas.
Foi assim que se estabeleceu um programa de ensino de inglês, desde o primeiro ano, no Kindergarten (Jardim de Infância), até o final do Ensino Médio (12º ano- High School). Por meio dessa determinação do governo, os estudantes que não falam inglês devem ingressar em programas para o seu aprendizado. Essa inclusão tem o intuito de fazer com que o ensino possa ser absorvido em sua totalidade e que a barreira da língua não o impeça de acontecer.
Num país tão grande como os Estados Unidos, não foi fácil ser colocado em prática. Geralmente, para que se crie uma lei nos Estados Unidos é preciso ter, primeiramente, uma decisão judicial. Dessa forma, aconteceu o caso judicial Lau versus Nichols. Em 1974, a Suprema Corte americana decidiu dar oportunidades iguais aos estudantes.
Mas de que forma? Incluindo-se livros, professores e um currículo específicos para ensinar inglês aos estudantes estrangeiros nos EUA que não compreendessem bem a língua. A Corte ordenou também que os distritos (o equivalente às secretarias de ensino no Brasil) tivessem ações efetivas para superar as barreiras do estudante que não dominasse bem o idioma.

Arquivo pessoal – Julia em frente aos princípios da escola: estar pronto para aprender, ser responsável, ter respeito e utilizar sempre bons mecanismos e ferramentas para solucionar problemas.
Sobre a legislação
Após a decisão, o Congresso Nacional editou uma norma, o Equal Educational Opportunity Act – EEOA (Ato para Igualdade de Oportunidades na Educação). Por meio dele, deve ser oferecida educação equiparada a todos os estados membros do país. Mais uma vez, o objetivo era que os estudantes tenham assegurado o ensino público adequado.
Então, para que o projeto pudesse ser disseminado pelo país, o US Department of Education OCR (equivalente ao Ministério da Educação Brasileiro) determinou que todos os distritos escolares oferecessem as mesmas oportunidades aos seus alunos.
Por fim, seguindo os procedimentos previamente estabelecidos, surgiu o programa EASL, English As Second Language, Inglês como Segunda Língua. Esse programa funciona em todo território americano e hoje também é conhecido como English Learners (estudantes de inglês).
Cada Estado americano traz suas regras específicas. O Estado da Califórnia, por exemplo, possui um guia específico para imigrantes – Imigrant Guide, que oferece serviços gratuitos para quem escolheu esse estado como nova residência.
Ensino em primeiro lugar
Os Estados Unidos tem um longo histórico recebendo estrangeiros em seu território. A inserção no contexto social é tarefa árdua. Foi assim que o governo criou dentro do sistema educacional o English Learners a fim de ensinar inglês para estrangeiros nos EUA, assim se preparando para receber e inserir os alunos de outros países nas escolas públicas. A educação por aqui é prioridade!
2 Comentários
[…] Se tiver condições, considere um curso do idioma ou aulas particulares antes de se mudar. Facilitará bastante a transição. Considere alguns aplicativos no idioma do novo país, como o Duolingo. Nos Estados Unidos tem escolas públicas que possuem o programa de inglês para estrangeiros dentro da escola. Leia mais aqui. […]
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