Do Brasil para a Nova Zelândia: realizando sonhos
Eu me lembro desde pequena ter dois grandes sonhos, daqueles que revisitamos na memória, escrevemos em diários trancados com cadeado e imaginamos muitas vezes, sonhando acordadas. Estes dois sonhos foram realizados: ser mãe e escritora.
Durante anos, escrever foi uma válvula de escape para minha mente imaginativa e meu coração mega sensível. Ou quem sabe, somente a expressão de uma menina introvertida e criativa. Crescendo, arquivei esse sonho. Acreditei nas vozes críticas e fui abrindo mão disso para sonhar sonhos que não eram meus. Esses outros sonhos pareciam “mais corretos” ou iriam me garantir um “futuro melhor”, “ser alguém”. Pelo menos, essas reflexões pareciam fazer sentido naquela época.
O sonho de ser escritora
Depois de alguns processos internos e muito exercício de autoconhecimento, caiu a ficha de que para ser escritora, eu precisava de somente uma coisa: escrever! Uma amiga jornalista me convidou para ser colunista em um portal do Uol em 2012. E desde então, estou sempre digitando ou escrevendo em algum dos meus milhares de cadernos de anotações. Não parei mais!
Você pode estar aí pensando: O que essa história toda tem com o Mães Mundo Afora? Bom, eu não partilhei ainda com vocês que esse sonho de criança, de ser escritora e mãe, tinha um cenário: estar maternando pelo mundo!
Eu me imaginava cada hora em um lugar diferente, com caderno, caneta, escrevendo, escrevendo e depois datilografando os livros. Considerando alguns ajustes tecnológicos, os sonhos se realizaram, tanto o da maternidade como o de escrever. Ainda não escrevo pelo mundo, mas o plano a longo prazo é esse. Desde que conheci essa plataforma fiquei encantada lendo as histórias de mães vivendo em culturas tão diferentes.

Makara Beach – Wellington (banco de fotos pessoal)
Vivendo, maternando e escrevendo na Nova Zelândia
Há três anos moramos na Nova Zelândia. Eu, meu marido Francis e o Pedro, nosso filho que fará 14 anos em janeiro. Meu dia a dia é bem diferente de muitas das colegas que escrevem aqui, pois não tenho filhos pequenos. E confesso duas coisas: primeiro uma invejinha de ainda ter pequenos à volta e, por outro lado, um certo alívio (me julguem!). Também é bom ver nosso filho crescendo e ter um pouco mais de flexibilidade na agenda. São desafios e alegrias diferentes, como tudo na maternidade.
Leia também: Propósito: maternidade e imigração como cenário perfeito para sua descoberta
Apesar de não ter filhos pequenos, convivo com muitas mães de pequenos e adoraria que o Pedro tivesse tido a oportunidade de crescer aqui para aproveitar toda estrutura que a Nova Zelândia oferece para crianças. Parques, museus, atividades públicas gratuitas e muito mais. Sabem qual a atividade que eu mais invejo para mamães aqui na nossa cidade? Massagens gratuitas para mães em um café, enquanto os pequenos são atendidos por cuidadores no local. Suspirem…
Claro que nem tudo são flores, mas nenhum lugar é, concordam?
Vida simples e minimalista
Considerando estes últimos três anos vivendo aqui, posso dizer para vocês que a Nova Zelândia é um país muito bom para experienciar a vida no exterior com filhos. A cultura local reforça fortemente a ecologia, o contato frequente com a natureza e a prática de esportes, além de uma vida minimalista, mais simples.
Essa vibe minimalista é o que mais gosto da Nova Zelândia, mas sei que pode chocar algumas pessoas e até dificultar a adaptação de muitas brasileiras que chegam aqui. Por exemplo, é muito comum irmos a mercados ou em alguma loja de departamento, e vermos pessoas descalças, mesmo no inverno. Ou vestindo seus “onzies” (pijamas que parecem um macacão). E não falo só de crianças, adultos também usam. Também não é raro ver crianças vestindo meias de cores diferentes ou roupas sem nenhuma combinação de cores ou preocupação estética (confesso que acho isso sensacional!).
Uma forma diferente de valorizar a beleza
Toda essa questão de aparência e estética feminina é muito diferente quando comparamos com o ambiente no qual eu cresci. Não existe realmente nenhuma cobrança social para que a mulher esteja com as unhas feitas, cabelo pintado assim ou assado, vestida deste ou daquele jeito.
Não conheci ninguém daqui que tenha plástica. Quando vamos a praia você claramente vê que silicone e lipoaspiração não fazem parte da realidade local. E eu amo isso!
Ao longo de três anos, fui me libertando de alguns padrões e cobranças que eu me fazia. Aqui aprendi que autoestima vai muito além de ir ao cabelereiro com frequência ou estar com a depilação em dia. Eu me vejo menos perfeccionista, mais leve. Não estou criticando quem o faz, de forma alguma! Meu ponto é que muitas de nós fazemos tudo isso já no piloto automático, pela pressão e normas sociais, não necessariamente porque sentimos necessidade de fazer tais coisas.
Por um mundo desacelerado
Meu marido brinca que a NZ é o Brasil do interior, nos anos 80. Volta e meia ele diz que é muito parecido com quando ele cresceu em Pelotas/RS. Concordo que muitas coisas aqui ainda parecem ter uma velocidade diferente dessa aceleração que o mundo todo anda. E isso é uma das coisas que mais gosto de viver nesse pedaço de terra que flutua no sul do Pacífico, e que hoje, chamamos de lar.
Essa é a minha estréia por aqui, e de hoje em diante vocês vão conhecer um pouco mais de como é a vida na Nova Zelândia. Se tiverem alguma pergunta, podem comentar ou entrar em contato comigo diretamente, vou adorar conhecer vocês.
1 Comentário
Fabi sua linda!! Amei seu texto. Fico feliz por vc e sua família. Vou ficar acompanhando seus textos. Deus abençoe vcs. Saudades bj