Animais de estimação na Inglaterra
Depois de alguns anos morando na Inglaterra e minha filha pedindo para ter um bichinho de estimação, a grande dúvida de qual era o certo pra gente teve que ser discutida pois tínhamos que levar em consideração:
- Éramos somente nós duas – eu, uma mãe que trabalha período integral, e ela, a filha de 7 anos que também fica na escola o dia todo;
- Morávamos em apartamento alugado que não permitia que tivéssemos gatos ou cachorros;
- Viajamos com alguma frequência ,portanto tínhamos que ter um plano para o cuidado com o bichinho durante nossa ausência;
- Tinha que ser um animalzinho que coubesse no nosso orçamento – é necessário lembrar que existe o custo mensal de manutenção também.
Já tínhamos tido um aquário com peixinhos durante alguns meses, mas sem muito sucesso. No começo foi divertido. Depois, sobra a limpeza do aquário e, claro, não há muita, se é que há alguma, interação com a criança.
As opções possíveis
Segundo a Statista, 45% da população inglesa possui um animal de estimação. Não é surpresa que os que aparecem em primeiro lugar são os cachorros e, em seguida, os gatos. Logo depois vem coelhos, pássaros, porquinhos da índia, hamsters, tartarugas, iguanas e lagartos, galinhas, cobras, cavalos e pôneis, ratos, furões e gerbilos.
Claro que pensamos em vários. Mas um dia, visitando a casa de uma amiga, vi que ela tinha dois gerbilos. Eu nunca tinha visto esses animais na minha vida! Pareciam mais com esquilinhos. E para a minha surpresa, ambos são da família dos roedores. Achei uma graça! E descobri que a manutenção deles era super fácil e barata! Perfeito para uma criança da idade da minha filha cuidar e ser responsável pela limpeza, comida, etc.
No dia do seu aniversário de 8 anos, dei de presente duas gerbilas que foram batizadas de Bity e Spoty. Todos os dias minha filha pegava a Bity e a Spoty e brincava com elas, ação necessária para quem quer ter os bichinhos, pois eles precisam dessa interação. As gerbilas adoravam carinho! Ficaram conosco por quase três anos.
A Rafa provou para mim durante esses anos que realmente era responsável por Bity e Spoty. Sempre trocou a forração da base da casinha delas sem eu ter que implorar – eu só tive que trocar quando ela quebrou o braço.
O dia do cachorro chegou?
Três anos mais tarde, compramos uma casa. Minha filha novamente me pediu um cachorro e comecei a pesquisa sobre a compra ou adoção de um. Para a minha surpresa, o processo todo não era assim tão fácil. Em geral, quem trabalha período integral e quer adotar um cachorro normalmente recebe um belo “não” como resposta.
Dentre os motivos listados pelo Dog Trust, a maior associação de caridade para adoção de cachorros do Reino Unido, os principais são:
- Não é recomendável que se deixe o cachorro sozinho por mais de quatro horas.
- Cachorros são animais sociáveis e ficam mais felizes quando estão acompanhados, além de terem uma ligação forte com seus donos. Quando os deixamos muito tempo sozinhos eles podem se sentir inseguros, ansiosos e também entediados.
- Os cachorros, em geral, precisam ir ao banheiro de 4 em 4 horas e se não tiverem acesso a uma área externa, isso com certeza se tornará um problema.
- Filhotes precisam mais de companhia até completar o primeiro ano de vida
No final das contas, depois de muita conversa, decidimos que não seria certo adotar um cachorro. Nem pra gente e muito menos para o cachorro.
Quem não tem cão, caça com gato
E foi isso mesmo que fizemos! Gatos dormem cerca de 13 a 14 horas por dia, não precisam dos seus donos para se sentirem seguros e ficam numa boa sozinhos. Era a receita para o nosso sucesso.
Contatamos uma associação para adoção de gatos e a única especificação que fizemos é que queríamos um filhotinho. Para a nossa surpresa, uma pessoa responsável nos ligou e marcou uma visita à nossa casa. Um dos propósitos dessa visita é para ver se moramos em uma rua muito movimentada, se o gato vai ter acesso ao jardim, além de darem muitas dicas sobre comida, manutenção, etc.
Uma outra pergunta que pode parar todo o processo é se você mora em imóvel alugado. O motivo é que muita gente pega um bichinho pra criar, depois muda de casa e abandona o gatinho. Eles estão cansados de ver essa história se repetir.
Informação importante: mesmo quando se adota um animal, há custos envolvidos para cobrir o valor das primeiras vacinas, do microchip e esterilização. A lei aqui é clara: desde 2016, todos os gatos e cachorros devem ter microchip e gatos e cachorros domésticos devem ser esterilizados até a idade de 6 meses. Donos que não fazem isso podem pagar uma multa alta.
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Esperamos ansiosas por uma ligação sobre o nosso futuro gatinho por quase três meses e nada. Nesse ínterim, ficamos de olho também no website de várias organizações de adoção de gatos e até chegamos a visitar dois que não eram filhotes, pois minha filha estava tão ansiosa que a gente vai oferecendo o que é possível. Parecia que adotar filhote de gato não ia ser fácil…
Esperamos mais um mês e chegou a um ponto que comecei a olhar anúncios de filhotes pra vender, pois a impressão que eu tinha é que a gente não ia conseguir via adoção. Do momento em que tomei essa decisão até chegar à casa da pessoa que estava vendendo a ninhada de gatos, foram seis horas.
Chegamos lá e ela nos apresentou quatro gatinhos super fofos. A mãe dos felinos estava toda orgulhosa e era super dócil. Em questão de minutos, uma das gatinhas nos escolheu… Veio se encostando na gente, pedindo carinho e, claro, naquele momento você já sabe que não é você quem escolhe o gato, o gato escolhe você.
Nossa gatinha foi batizada de Kiwi e já está conosco há dois anos e meio. Não podíamos estar mais felizes com essa adição à nossa família. Ter um animal de estimação só trouxe mais amor e companheirismo pra nossa casa.
O único senão é que agora eu tenho que implorar pra Rafa trocar a areia da gata… Ah, a adolescência…
3 Comentários
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Olá, gostaria de saber como funciona a questão do microchip para gatos. É obrigatório aí? Sabe dizer quanto custa?
Obrigada!
Luiza, Embora o microchip seja um requisito legal para cães, atualmente não é obrigatório para gatos, a menos que estejam viajando sob o Programa de Viagem para Animais de Estimação. O microchip obrigatório para cães foi introduzido em abril de 2016 e as estatísticas mostram que 92% dos cães agora têm microchip.