Este mês falo sobre a culinária francesa da região da Bretanha, suas comidas típicas e os hábitos gastronômico dos bretões.
Aqui o “beurre” (manteiga) é o rei da festa. Em grande quantidade, de preferência. E não somente para passar no pão no café da manhã não… No almoço ou no jantar, dá-lhe “pain avec du beurre”. Carne assada no forno? Com manteiga. Vai dar uma fritadinha na cebola? Tasca-lhe manteiga no fundo da panela. Conheço alguém que come até queijo com manteiga!
O povo aqui está tão acostumado a que todo mundo (ou quase) coma muita manteiga que uma vez eu estava querendo emagrecer e entrei em uma loja para comprar um desses aparelhos para me exercitar em casa. Fui pedir orientação ao vendedor, dizendo que o meu objetivo era perder peso. Pois antes mesmo de me falar sobre qualquer aparelho, ele foi logo me dizendo: “Primeiro tem que parar com o pão com manteiga…” What?? Com que autoridade ele vem dar uma de nutricionista? Nunca me viu mais gorda (nem mais magra), não sabe sequer se gosto de manteiga. Fiquei com muito nojo!
Muitos frutos do mar
A Bretanha é sem dúvida nenhuma a região francesa da pesca. Peixes como o tamboril, linguado, congro, robalo se encontram em abundância e se degustam ensopados ou com molho, acompanhados de batata.
No litoral, é muito comum os restaurantes servirem pratos de frutos do mar, com camarões, lagostas, caranguejos, caranguejo-do-mar, vieiras, lagostins, siris e claro, ostras, muito cultivadas e apreciadas na Bretanha.

Vieiras (Fonte: Pixabay)
Os mexilhões são comumente servidos com batatas fritas, aliás trata-se de um dos pratos tradicionais daqui, o “moules-frites“. Também se degustam com bacon ou com creme de leite.
Entretanto, eu não sou muito adepta aos frutos do mar. Como camarão, só isso. Mas aderi totalmente às “galettes” e “crêpes”.
“Galette” e “crêpes” (miammmmm….)
Dependendo da região, o nome pode variar, mas aqui onde moro “galette” denomina o prato salgado e “crêpe” o prato doce. Assemelha-se muito à panqueca, mas na “galette” utiliza-se farinha de trigo sarraceno, enquanto que a “crêpe” é preparada com farinha branca tradicional. A maneira de dobrar também é diferente. Os “maître crêpiers” cozinham “crêpes” e “galettes” com a ajuda do “bilig” (em bretão) ou da “crêpière” (em francês), uma espécie de chapa de ferro circular. Derrama-se a massa no aparelho quente, previamente untado com bastaaaaaante manteiga e depois cozinha-se com a ajuda de uma espécie de mini ancinho e espátula. Se quiser saber como se prepara uma “galette” bretã, clique aqui.
Como recheio encontra-se uma grande variedade de opções. Presunto, queijo, cogumelos, salmão defumado com alho poró, atum… mas a “galette” mais pedida nas muitas “crêperies” espalhadas pela Bretanha é a completa: presunto, queijo ralado (gruyère) e um ovo estrelado (foto de destaque).
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Já os “crêpes” podem ser recheados de chocolate, coco, banana ao rum, “caramel au beurre salé” (caramelo com manteiga salgada, receita bretã), maçã caramelada, mel, com ou sem bola de sorvete de baunilha, com chantilly…
Os fãs de “galettes” e “crêpes” geralmente bebem sidra de origem bretã para acompanhar, mas eu prefiro uma cerveja ou vinho tinto. No entanto, a tradição recomenda sidra, servida em uma “bolée“, espécie de xícara grande.
Outras comidas típicas daqui:
“Far breton” com ameixa preta: uma receita entre o bolo e o pudim, relativamente simples.
“Kouign-amann”: receita de massa folhada com muuuuuuuita manteiga.
“Palets bretons“: bolacha em forma de disco.
Morangos de Plougastel: Plougastel fica no departamento Finistère e lá são produzidos os morangos de tipo “gariguette” deliciosos. As crianças adoram degustá-los puros, polvilhados com açúcar ou com chantilly. A cada verão, no mês de junho, o município promove a festa do morango com desfile de carro alegórico, música e degustação. O museu do morango também fica no município de Plougastel e a visita inclui circuito pedestre com escala em uma plantação de morangos.
Aqui tem um ditado que diz: “La Bretagne, ça vous gagne!” (a Bretanha te conquista). Quem é daqui dificilmente deixa a região. Quem chega se apaixona pelas paisagens e pela culinária francesa e esquece até do clima chuvoso.