STEAM e STEM: essas duas palavrinhas em maiúsculo do título me seguiram nos últimos meses. Uma das minhas colegas do voluntariado tem um filho matriculado em numa escola com esse programa. Além disso, a professora atual da minha filha trabalhou muitos anos no programa STEAM. As atividades de verão do meu filho em sua em sua escola especial foram todas com enfoque em projetos STEM. Ademais, a cada passeio à livraria com a minha filhota, a área com livros sobre STEM era parada obrigatória para a pequena.
Mas, afinal, o que significam essas siglas?
Ficou curiosa(o)?
Cada letra dessas palavras tem um significado. S é de Science (ciência), T de Technology (tecnologia), E de Engineering (engenharia), A de Art (arte) e M de Mathematics (matemática). Agora imagine uma escola onde a criança coloca a mão na massa juntamente com uma pitada de pensamento criativo. Esse é o objetivo da escola com programa STEM e STEAM.
Escolas com programas STEM existem há muito tempo aqui nos Estados Unidos. Os anos 1990 e 2000 foram caracterizados por uma explosão de tecnologia chamada Tech Boom, fazendo com que os educadores repensassem a educação.
De acordo com National Science Foundation, atualmente aproximadamente 6 milhões de americanos trabalham com ciência e engenharia. Isso sem falar que os profissionais nesses campos são os mais bem remunerados aqui nos Estados Unidos.
Google e Apple fazem parte do vocabulário das crianças que hoje frequentam a escola. Eles estão cada dia mais antenados. Minha filha é louca por Albert Einstein e recentemente pediu de aniversário um livro sobre as mulheres cientistas na história. Por isso não dá para ficar atrás, né? A educação precisa se modernizar também!
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Em 2011, o presidente Barack Obama, em um dos seus discursos, disse que os Estados Unidos estavam no momento da geração Sputinik. Haviam sidos rebaixados do primeiro lugar para o nono no número de estudantes de graduação. Além disso, estavam também saindo de uma grande recessão. Assim, precisava-se reerguer a nação novamente. Ao invés de uma sociedade consumidora, queria que os Estados Unidos produzissem e inovassem novamente. Esse discurso do presidente pode ser visto aqui.
Já sabemos que todos os setores de uma sociedade são influenciados pela economia e pela política. A Educação também está em constante mudança. Assim, os programas STEM e STEAM são reflexo dessa mudança.
E por que a inserção da letra A?
Os educadores perceberam uma saturação dos estudantes em relação à ciência e à matemática. Muitas escolas continuaram a sobrecarregar os estudantes com essas disciplinas, não havendo muito engajamento dos alunos durante anos. Ao mesmo tempo, alguns educadores acreditavam que a Arte havia sido marginalizada nos programas e desacreditada. Dessa forma, sentiram a necessidade de também inseri-la no programa STEAM.
O programa STEM e estudantes com Transtorno do Espectro Autista
Tive a oportunidade de assistir a uma palestra do Dr. Ellis Crasnow, diretor de uma escola privada com projeto STEM para estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aqui em Los Angeles. Ele apresentou vários dados interessantes: os Estados Unidos estão entre os sete primeiros países que mais investem na educação STEM. Em primeiro lugar está a China, em segundo a Índia e em terceiro lugar os Estados Unidos.
O professor ressaltou ainda que aprender por experimentação aguça a aprendizagem dos estudantes. Esses aplicam os conhecimentos dessas áreas em diversos outros projetos. Fazem observações e descrevem o que veem, questionam, comparam, analisam, fazem previsões e confirmam ou não as suas hipóteses.
Alguns estudantes diagnosticados com o TEA podem se destacar nesses programas, pois em sua grande maioria apresentam excelente capacidade de memória visual e orientação espacial acurada. Além disso, frequentemente são atentos aos detalhes que passam despercebidos por pessoas neurotípicas. São precisos, possuem hiper foco e muitas vezes repetem os procedimentos inúmeras vezes, sem acharem monótono.
STEM no Brasil
Achei interessante os dados do PISA – The Program for International Students Assessment, estudo da OECD – Organization For Economic Cooperation and Development (2015-2016) baseados na performance escolar em matemática, ciência e leitura. O Brasil está em 63° lugar, ao passo que os Estados Unidos estão em 31°.
Fazendo uma pesquisa na Internet, encontrei algumas escolas particulares que trabalham com laboratórios de tecnologia e ciência. Mas, infelizmente, não é todo mundo que tem acesso, devido ao preço. Penso que seria interessante verificar se essas escolas possuem bolsas de estudo.
Para o professor atender aos estudantes é necessário que tenha formação na área, como aqui nos EUA. Algumas instituições privadas já fazem formação com certificação para aqueles que pretendem atuar com programas STEM no Brasil.
Tive a chance de conhecer de perto uma sala de recursos de Altas Habilidades em escolas públicas de Brasília. Algumas ligadas à ciência/tecnologia e outras à arte. Alguns estudantes diagnosticados com TEA, caracterizados por alto funcionamento, e avaliados pela equipe especializada em Altas Habilidades, faziam parte desse Atendimento Educacional Especializado (AEE). Além disso, sempre que possível os estudantes participavam de feiras de Robótica.
No Brasil existem várias competições de matemática, inclusive há a OBR – Olimpíada Brasileira de Robótica. Para conhecer mais sobre, clique aqui.
STEAM em escolas públicas de Los Angeles
Devido à grande procura, o distrito escolar faz sorteio das vagas. A escola deve ser reconhecida por meio de certificações pelo distrito escolar de Los Angeles, como escola com programa STEAM. O currículo é comum a todas as outras escolas, tendo disciplinas de história e inglês com a mesma carga horária que os estudantes das outras escolas. Porém, as disciplinas referentes a STEAM são mais focadas. Além disso, após o horário de aula comum, os estudantes também recebem monitoria em matemática e aulas de robótica/tecnologia.
Caso queira conhecer o programa STEAM com mais profundidade, acesse aqui. Para o estudante participar do sorteio para a escola pública com o programa STEAM, os responsáveis precisam o inscrever neste site. Há opções de atendimento no distrito escolar de Los Angeles e grande parte das escolas magneto (deixarei para explicar isso em um outro texto) possuem esse programa, porém sugiro conferir in loco.
STEAM pode começar dentro de casa
Para movimentar a casa nas férias, ou mesmo durante as aulas, que tal fazer projetos STEAM com os filhotes? Os meus sites favoritos são este e este. Para aprender junto com os pequenos, o desenho animado Show da Luna também é excelente. E para os maiores, recomendo o canal do Youtube “Nerdologia“. É muito gostoso de assistir!
Quer ver como as formigas, joaninhas e borboletas se desenvolvem? Confira os kits da Insectlore. Os filhos gostam de vulcão, rochas e dinossauros? Confira o site da National Geographic!
E se você conhece alguma escola que possui programa STEAM, deixe aqui nos comentários!
4 Comentários
parabéns.Rachel sucesso super mãe.
Querida Iraci, muito obrigada pelo comentário. Você que é uma super mãe. Muito bom ter te conhecido em Brasília. Espero reencontrá-la em breve.
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