Como nos sentimos com uma pandemia sem fim
Ei, você que está aí do outro lado, como anda seu sistema emocional? Já deu uma surtada? O que essa “quarenterna” tem causado na sua vida? Aqui eu já pirei, surtei, também já voltei ao normal e se as aulas não voltarem logo, provavelmente irei dar mais uma surtada. Como mãe de duas crianças pequenas e com energia para dar e vender, não vejo a hora de despachá-los para a escola.
O mais difícil mesmo pra mim está sendo ficar entregue ao trabalho diante das demandas de atenção das crianças e pensar em atividades para eles e tudo o mais. Depois de uma primeira semana completamente caótica, as coisas se ajeitaram para mim e criamos uma rotina que, aqui em casa, tem funcionado. É perfeita? Não, longe disso. E entendi que não precisa ser.
Tem mais televisão do que eu gostaria, tem momentos de impaciência, tem birras, tem refeições fora de hora… e tudo bem. Passados cinco meses, o caos voltou a reinar aqui em casa, mas é compreensível porque uma vida foi alterada por um vírus, e de fato a vida nunca mais será a mesma, então precisaremos nos adaptar de acordo com os novos acontecimentos.
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Esse interminável confinamento criado para evitar uma maior propagação do coronavírus tem efeitos colaterais econômicos, psicológicos e sociais. O nosso estado emocional também pode impactar o nível dos nossos sentimentos. Ou seja, muda a forma como o nosso cérebro reage a essas situações. As nossas interações sociais podem ser afetadas negativamente quando nos sentimos mal, que é o que tem acontecido nesse período de isolamento social. Quantas pessoas têm sofrido por ter que estar totalmente isoladas!
Qual foi a sua reação ao sair de casa pela primeira vez, depois de semanas em casa? Eu tive um certo receio, me senti como se estivesse naqueles filmes em que acontece o fim do mundo. Certo dia tive que ir à farmácia e ver a cidade vazia, ver só os pombos, me deixou um bocado deprimida.
Como essa situação afetou minha relação com os outros
Eu moro em uma pequena cidade no norte de Inglaterra, e nesta cidade moram muitos idosos. Temos uma vizinha que conhecemos por nos encontramos todos os dias no ponto de ônibus. Estávamos com muitas saudades dela e, passados longos meses, nos reencontramos dentro do ônibus voltando pra casa. Ela nos contou que se sente imensamente sozinha e me falou sobre o marido, um senhor de 88 anos que está com câncer terminal.
Isso me fez refletir muito acerca de como nos sentimos com toda essa situação que todo o mundo tem vivido. Quais são os seus sentimentos em relação ao próximo, como foi para você esse período de isolamento? O que eu posso dizer é que pra mim tem sido um período bastante desafiador a nível pessoal, pois estar 24 horas em casa não tem sido fácil, especialmente gerenciar as minhas emoções e as dos meus filhos. Mas em contrapartida, me fez sentir mais empatia com o próximo. Não é sentir a dor do outro, mas sim, tentar ajudar as pessoas da maneira que elas precisam. Essa senhora que relatei, por exemplo, me disse que se sente muito sozinha, e eu sinto um carinho muito grande por ela, por ela gostar muito dos meus filhos, então para amenizar o sentimento de solidão que ela sente, farei um bolo para levar pra ela. Tenho certeza que um bolo com café certamente a fará se sentir muito mais feliz. E o meu sentimento será de pura gratidão.
Li uma reportagem em que a médica do hospital Albert Einstein Sley Tanigawa Guimarães diz que:
“o futuro é sempre uma coisa incerta, por isso, é preciso saber controlar a ansiedade e estar aberto para o novo com muita autocompaixão. Nesses quatro meses vivemos muitos lutos, famílias perderam entes queridos, nada será como antes. Estamos vivendo um mundo volátil, incerto e ambíguo, a gente tem que se cobrar menos e se aceitar mais. Se durante esse período você percebeu que determinada pessoa ou hábito, por exemplo, não fazem mais sentido na sua vida, não tem razão para se obrigar a manter aquilo dentro da sua rotina. É importante pensar na comunicação não violenta, olhar para a situação sem julgamento, reconhecer as emoções envolvidas e saber se posicionar de uma forma gentil”.
Para as mães principalmente, mas também para todas as pessoas que estão na mesma situação, quero dizer que as coisas, magicamente, “vão se ajeitando”. Para mim só está funcionando porque tenho amigos e colegas de trabalho empáticos, que acham ok interromper uma ligação semanal porque meu filho quer dar um “oi” para os amigos da mamãe, que entendem que às vezes vou precisar me ausentar por meia hora porque filhos precisam de mim. Sejamos mais amorosos conosco mesmo, porque no fim, tudo ficará bem.
Fui incentiva a escrever esse texto por minha querida amiga Patricia Torres, criadora da Balance Seed @4balanceseed, uma pessoa super querida que está me ajudando em toda parte da gestão da emoção e imagem. Estamos fazendo um trabalho incrível, a partir do qual descobrirei meu real propósito de vida.
3 Comentários
Juliana,
Parabéns pelontexto👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
Obrigada!
Fico feliz por voce ter gostado..
Bjss
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