Não tem como esquecer aquele dia ímpar de 8 de março de 2020. Lembrei alguns dias atrás lá no meu Instagram @tativiajando que a pandemia começou no final de fevereiro para nós no norte da Itália, mas foi em 8 de Março que não teve jeito: tudo parou. Não era um pesadelo, era real: um vírus se propagava em uma velocidade maior do que podíamos agir. A Itália toda parou!
E boa parte do mundo também. Foi nesse mesmo 8 de março que muitos outros países vendo a situação da Itália, o primeiro país após a China a ter a disseminação do vírus, também decidiram parar, inclusive o Brasil tomou medidas drásticas naquele dia.
Já falei outras vezes que se você não passou a quarentena aqui, você não consegue nem imaginar o que estou falando. O fim do livre arbírio, a perda do direito de ir e vir: o nosso ficar em casa era cárcere privado controlado por policiais com viaturas de sirenes ligadas.
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Foi terrível e angustiante? Muito! Mas quem mais sofreu com tudo isso foram as nossas crianças de todas as idades. Os pequenos presos em apartamentos sem poder correr ou brincar com os amigos. Os adolescentes sem poder se exercitar ou socializar. Que mundo era aquele??? Nós entendíamos as noticias e tínhamos a esperança de que seriam apenas mais 15 dias. Os pequenos não! (quem se lembra que a cada decreto dizia que seriam somente mais 15 dias? E nisso se passou quase três meses aqui no norte da Itália).
Lembro vocês esse dia catastrófico apenas para descrever a cena que partiu meu coração na última sexta-feira. Ao buscar o Lucca na escola, todas as crianças tinham nas mãos todos seus materiais. Eles saíram da escola, de novo sem saber quando voltariam…
Terceira onda do Coronavirus na Itália
A verdade é que as coisas voltaram a piorar por aqui e em alguns lugares da Itália as escolas já foram fechadas. Em Piemonte, onde vivo, foi decidido que a partir da sexta série as aulas voltarão a ser on-line a partir desta segunda-feira, dia 8 de março. O restante dos alunos ganharam mais uma semana de aula presencial, sem sabermos até quando. Mas ao saírem da escola naquela sexta-feira, ninguém sabia ao certo quem votaria, se alguém voltaria, quando voltaria, pois desde a última quarta a decisão vem sendo postergada gerando ainda mais ansiedade.
Eu sei que em muitos outros países as aulas estão suspensas há algum tempo, em alguns lugares do Brasil as aulas nem ao menos voltaram. Sei que tem pessoas passando por situações muito mais difíceis, mas ver aquela cena das crianças carregando tudo o que tinham para fora da escola foi de engolir seco e segurar as lágrimas… Aquele 8 de março 2020 veio como um déjà vu.
Que possamos vencer mais essa batalha contra o vírus, pela sanidade mental das nossas crianças e o futuro da humanidade.