Em outubro do ano passado vivenciamos o nosso primeiro Halloween nos Estados Unidos. Semanas antes da comemoração, que ocorre no dia 31 de outubro, a cidade de Nova Iorque já entrou no clima da festa. Os supermercados e lojas começaram a vender uma infinidade de produtos decorativos, doces e fantasias e algumas casas já exibiam suas decorações incrementadas.
No Brasil, o Halloween da minha filha se resumia a festinhas na creche, escola e cursinho de inglês. Ela colocava a sua fantasia de bruxinha, tirava foto e brincava com as outras crianças. Ela conhecia a tradição norte-americana pelos livros e filmes. Mas as histórias sempre eram ambientadas em cidades onde as pessoas moravam em casas com jardins e as crianças andavam sozinhas pelas ruas do bairro. Como seria o Halloween na cidade de Nova Iorque? Como seria em Manhattan mais especificamente com toda a sua concentração de gente?
Próximo à data, recebemos um aviso de que haveria um evento especial na escola e que as crianças deveriam ir fantasiadas. Começamos a procurar fantasias para comprar e diante de uma quantidade imensa de opções, nem passou pela cabeça da minha pequena querer uma de bruxa. Ela escolheu uma de Dorothy, a menina da história “Mágico de Oz”.
O fim de semana anterior ao Halloween
No fim de semana anterior à data houve muitas celebrações pela cidade, tanto para as crianças quanto para os adultos. Andando pela rua era possível ver muitas pessoas fantasiadas. No sábado, minha filha participou da comemoração de aniversário de uma amiga da escola, que pediu que todos fossem a caráter. Até mesmo os pais da aniversariante, que eram os únicos adultos da festa, se fantasiaram de super-heróis.
No domingo, fomos na festinha de Halloween da pracinha perto de casa. Havia animadores, palhaços e muitas crianças fantasiadas. Assim como os pais da amiga da minha filha na festinha de aniversário, também os adultos estavam de fantasia com os seus filhos. Os animadores contaram piadas, fizeram atividades e organizaram um desfile de fantasias em volta da praça. As crianças pequenas se divertiram demais.
O tão esperado Dia do Halloween
No tão esperado Dia do Halloween, a minha filha já saiu de casa fantasiada rumo à escola. Ela participou de diversas atividades, inclusive um desfile numa praça próxima ao colégio. Vários pais foram e fotografaram a alegria dos pequenos. Quando cheguei na hora da saída para buscá-la, algumas mães estavam combinando de ir pegar doces. Elas falavam sobre os melhores lugares nas redondezas. Minha filha ouviu o burburinho e insistiu para que fôssemos junto. Eu, que pretendia voltar direto da escola pra casa, me rendi aos pedidos da filhota, que a essa altura dava pulos de alegria.
Como o clima estava um um pouquinho frio e as crianças não estavam agasalhadas porque queriam mostrar as suas fantasias, o pessoal decidiu ir até o Chelsea Market. O local é uma mistura de shopping center e mercado gastrônomico. Todo ano eles capricham na decoração de Halloween, e algumas crianças da escola já têm a tradição de ir até lá pegar doces. Foi muito legal ver a minha pequena com os seus amigos de loja em loja pedindo doces. Eles entravam, cada um com a sua cestinha, e perguntavam : trick or treat? (doce ou travessura?). A maioria dos lojistas oferecia os doces com a maior simpatia e boa vontade. Apenas uma das lojas que eles entraram não tinha doces e, apesar da frustração, todos se comportaram direitinho e não fizeram nenhuma travessura.
Quando saímos do Chelsea Market já não estava mais tão frio e decidimos seguir trick or treating pelas ruas de Chelsea. Fomos caminhando em direção às ruas 21st e 22nd (entre a 8º e a 10º Avenidas) onde há muitas casas em que os moradores se fantasiam, fazem lindas decorações e distribuem guloseimas. As ruas estavam super animadas, cheias de crianças. Minha filha estava radiante!
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Voltamos pra casa às 18h, horário de início do trick or treating no nosso prédio. As pessoas que quiseram participar doando doces receberam um adesivo de abóbora para colar em suas portas. As crianças também receberam na portaria do edifício uma circular com o número dos apartamentos participantes. A minha filha adorou essa brincadeira, mas já tinha tantas guloseimas que decidiu pegar apenas uma em cada apartamento. As pessoas até insistiam pra que ela pegasse mais.
Foi surpreendente para mim o fato de vários adultos jovens sem filhos participarem da doação de doces. Alguns abriam a porta fantasiados, outros com roupas comuns e outros já de pijamas, mas todos foram muito simpáticos. Vários elogiaram a fantasia da minha filha de Dorothy. Uma moça jovem brincou com ela e contou que assim como a personagem do Mágico de Oz, ela também era do estado de Kansas (e de fato ela estava vestindo uma agasalho da Universidade de lá).
Quando voltamos ao nosso apartamento, a minha filha começou a contabilizar a quantidade de guloseimas que havia ganhado ao longo do dia. Ela estava alegríssima e não era apenas pelos doces (até porque já sabia que eu não ia permitir que ela comesse grande parte daquelas guloseimas), mas por ter participado junto com outras crianças dessa grande brincadeira que é o Halloween no Estados Unidos. A família e os amigos do Brasil que viram as fotos que eu tirei ao longo do dia definiram o Halloween como um “mix de carnaval com São Cosme e Damião”. Eu adorei!
Infelizmente, esse não foi um dia apenas de alegrias, pois houve um atentado terrorista na cidade de Nova Iorque. Um homem atropelou pessoas que passavam por uma ciclovia em Manhattan e oito vítimas morreram. Quando nós chegamos no Chelsea Piers depois da escola, começamos a ouvir rumores que algo de estranho havia acontecido, mas demoramos a saber os detalhes. Evitamos falar e pesquisar na internet sobre o ocorrido porque estávamos com as crianças e não queríamos assustá-los. Eu não comentei com a minha filha até que chegássemos em casa. Apesar de toda a tristeza, a população de Nova Iorque não se intimidou diante desse ato de violência e milhares de pessoas lotaram o desfile de Halloween pelas ruas do Greenwich Village naquela noite.
Que esse ano tenhamos um Halloween com paz e muita diversão!
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