Hoje é um dia muito especial para a história. Há 102 anos, no dia 18 de Julho, nascia um grande homem na África do Sul – Nelson Mandela, ou Madiba, como era seu apelido na sua tribo.
Nelson Mandela foi um advogado, revolucionário que dedicou a sua vida à luta contra o regime do apartheid, foi preso político durante 27 anos e, depois de libertado, tornou-se presidente da África do Sul em 1994 e recebeu o Premio Nobel da Paz.
O inconformismo desse homem fez com que ele sacrificasse a própria vida e da sua família, sem nunca pensar no individual, sempre no coletivo. Nós temos muitos inconformismos dentro de nós, mas talvez nos falte a coragem que ele teve.
O dia de hoje é também um dia muito importante para mim, nesse mesmo dia, no ano de 2015 eu dei a luz ao meu filho Lucca, no Brasil, ainda sem conhecer e admirar a África do Sul como hoje, mas em processo de expatrio para lá.
Lembro que na espera pelo nascimento do Lucca, cogitamos varias datas, já que minha dilatação teve início cinco semanas antes do seu nascimento. Porém, jamais imaginaríamos que ele escolheria nascer em um dia com um valor histórico grandioso como o 18 de Julho.
Esse dia foi instituído o dia Internacional Nelson Mandela pela Organização das Nações Unidas, valorizando mundialmente a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
Chegamos de mudança em Pretória, na África do Sul, quando o Lucca tinha cinco meses. Moramos na cidade onde fica a capital executiva do país e de onde o Mandela governou por cinco anos. Foi dali que aprendi e admirei a história desse grande homem.
A luta incansável pela opressão racial
Imagino como foi difícil a trajetória de todos que lutaram contra a opressão racial no sul da África. Eu ouvi e vivenciei coisas naquele país, nos tempos de hoje, que é inacreditável para uma sociedade moderna.
Eu vi com meus próprios olhos geladeiras com chaves, ouvi com meus próprios ouvidos que a escolha da escola dos filhos era para não ter miscigenação, entre outras coisas terríveis que tenho até vergonha de contar.
Imaginem o que Mandela viu e ouviu que o fez abrir mão de uma vida “normal” desde a juventude. Ele sempre dizia:
A liberdade é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.
Nascido em uma família de nobreza dentro da sua tribo, não precisava se envolver com objetivos políticos, mas dedicou sua vida para derrubar um regime com regalias para poucos e sofrimento para muitos.
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Apartheid é o nome dado a esse regime de segregação racial implantado na África do Sul por quase cinquenta anos no qual houve a limitação dos direitos para grande parte da população, dependendo da sua cor de pele.
Não estou falando somente em não ter direito a voto. Era algo inacreditável, como locais separados por cor da pele, placas espalhadas com entradas e lugares específicos, profissões selecionadas, bairros afastados para moradia e muitos outros desfavorecimentos.
Nos dias de hoje é muito difícil entender como que essa situação se estendeu por tanto tempo e em tempos tão próximo ao nosso, o regime teve fim apenas em meados dos anos 90.
Os 27 anos de sua vida enclausurados
Mandela era um líder nato, mesmo quando o governo segregacionista tentou pará-lo o mandando para uma prisão em uma ilha acusando-o de traição. A prisão Robben começou a ser chamada de universidade Mandela.
Mesmo dentro da prisão ele lutou pelos direitos de todas as pessoas que com ele estavam presas, sem distinção.
Mandela era um homem fora do comum. Nem 27 anos de prisão com condições precárias, que poderiam destruir a sanidade mental de qualquer ser humano, o tirou do seu propósito. Os seus ideais o fizeram mais forte nos momentos mais difíceis.
Ofereceram algumas vezes liberdade desde que ele renunciasse a luta contra o Apartheid e ele preferiu a prisão.
Mandela era tão genial que ele que exigiu itens a serem cumpridos na sua libertação e não o inverso. Tais como legalização de órgãos que lutavam contra o Apartheid e que os demais presos políticos fossem soltos juntamente com ele.
Mas como grande homem que foi ele não fez isso para mostrar superioridade ou força, as exigências não foram para seu usufruto, foram pela causa que ele defendia.
A libertação de Nelson Mandela significou muito mais que a libertação de um homem (que já seria o bastante), a libertação de Mandela significou a libertação de um povo oprimido.
Seus méritos
Em 1994 Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul em regime igualitário. E com todo o sofrimento que teve e que viu o seu povo passar nunca fez um discurso ódio, pelo contrário, discursava que todas as pessoas deveriam ser tratadas com respeito, independente de sua cor de pele.
Mandela, em sua luta pela dignidade humana, sonhava com uma nação Arco-Íris.
Além do Prémio Nobel da Paz, ele recebeu mais de 250 prémios e condecorações e se tornou o maior ícone da luta contra o Apartheid.
A África do Sul hoje
Tendo vivido na África do Sul por três anos e tendo um carinho enorme por aquele lugar, eu vos digo que o país precisa evoluir muito no quesito igualdade social e racial. Infelizmente o preconceito ainda existe abertamente entre as partes.
Não são todos os cidadãos daquele país que tiveram a resiliência que Mandela teve e até hoje o ódio pelos acontecimentos e o desejo de vingança reina dentro de muitos na África do Sul.
Se você acha que já viu o que é preconceito racial morando no Brasil, você não faz ideia do que acontece no sul do continente Africano.
Eu torço para que com o passar do tempo as coisas possam mudar por lá e as pessoas possam viver em sistema igualitário sem se importar com a cor da pele.
18 de Julho de 2020
Parabéns, Mandela, pelo seu dia e por toda a sua luta que fez do mundo um lugar melhor para todos!
Parabéns, Lucca! Eu desejo que você conheça a força e o significado do dia que você nasceu e que você leve para a sua vida o ensinamento de que devemos tratar a todos, sem distinção, da mesma forma que gostaríamos de ser tratados.
“Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar “. Nelson Mandela
2 Comentários
Otimo texto Tatiana. Bonita homenagem. Parabens ao teu filho!
Muito obrigada Zandra 🙂