Você já ouviu falar no Dia da Epifania e na queima da Befana? No dia 6 de janeiro, na Itália, comemora-se o dia da Epifania do Senhor. Um famoso dito popular diz que “l’Epifania tutte le feste le porta via”, ou seja, a “Epifania leva as festas embora”. Isso porque é neste dia que tradicionalmente se finalizam as comemorações natalícias. Em alguns países de grande influência católica, como aqui no país da bota, a data é feriado nacional.
A Epifania (termo derivado do grego que significa manifestação ou aparição), é uma festa cristã que acontece doze dias após o Natal, ou seja, no dia 6 de janeiro (calendário gregoriano). Segundo a crença católica comemora-se a manifestação de Jesus Cristo como Deus encarnado, que no cristianismo ocidental é primariamente com a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. No Brasil chamamos esta data de “Dia de Reis”.
A Befana
A Befana é uma figura folclórica ligada às comemorações de Natal muito popular em algumas regiões italianas. O nome Befana é uma derivação da palavra “epifania”. Como já contado em outro texto aqui do Brasileirinhos pelo Mundo, ela é uma das figuras do Natal italiano mais esperadas pelas crianças. Essa senhora, que traz doces ou presentes para os pequenos que se comportaram bem durante o ano, e carvão ou alho para aqueles que se comportaram mal, aparece na noite entre 5 e 6 de janeiro.
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A origem desta lenda é muito mais antiga do que muitos imaginam, pois está ligada a tradições pagãs pré-cristãs. Eu acho muito interessante esses costumes bem antigos que de certa forma se mesclam com ideias cristãs ou mais recentes e perduram no imaginário coletivo de um povo. Neste caso, acredita-se que a gênese da Befana seja um misto de tradições pagãs ligadas à agricultura, assim como ritos celtas e romanos.
Os romanos acreditavam que doze noites após o solstício de inverno dava-se a morte e o renascimento da mãe natureza. A crença era que neste período figuras femininas voavam sobre os campos apenas cultivados para propiciar fertilidade à futura colheita; daí viria a imagem da Befana – uma mulher – voando em sua vassoura. O fato dela ser velha e com aspecto pobre estaria então relacionado ao fato dela levar embora o ano já acabado. Na Idade Média a igreja, preocupada em transformar os costumes pagãos em algo satânico, associou a imagem da Befana ao de uma bruxa, mas aos poucos ela voltou a ser aceita no catolicismo como um tipo de dualismo entre o bem e o mal (recompensa os bons meninos com doces e pune os maus com carvão ou alho).
A queima da Befana
Em algumas regiões principalmente do norte da Itália, em especial no Vêneto (onde se encontra Verona), existe a tradição brusa la vecia, que em dialeto significa queimar a velha (a Befana), na noite entre os dias 5 e 6 de janeiro. Em muitas cidades vênetas acontece uma festa popular com direito a uma grande fogueira com a forma de uma senhora dentro. Isso é tradicionalmente uma forma de se despedir do ano velho e celebrar o novo ano que se inicia.
Em algumas cidades esse evento é conhecido como panevín, pois a usança é beber vinho quente e comer pinza (um doce tradicional feito de pão) em frente à fogueira e observar para onde vão as cinzas. Isso é importante porque a crença popular diz que dependendo da direção que elas tomarem pode-se prever a colheita do ano.
Em Verona a grande fogueira é feita bem no centro, na Piazza Bra, em 2019 no dia 5 de janeiro. O fogaréu tem cerca de 10 metros de altura por 4 de largura, e no entorno acontecem apresentações teatrais sobre a história da Befana. Este ano não conseguirei ver este espetáculo pessoalmente, pois as festas serão passadas com a família no Brasil, mas com certeza está na minha lista de coisas a fazer no próximo ano, já que deve ser bastante impressionante.
Para as crianças
Acredito que essas festas populares acabam sendo interessante para as crianças também porque assistir a uma fogueira tão grande deve ser fascinante. Além disso, são eventos sempre cheios de atividades e apresentações que chamam a atenção de todos, sem contar os comes e bebes, né?
Porém para as crianças o mais importante ainda é esperar ansiosamente pelos doces e presentinhos trazidos pela velhinha durante a noite. Ou será que ela vai trazer carvão? Como a minha filha tem ainda pouco mais de um ano e não come doces, sequer entenderia essa expectativa, assim como não entendeu a espera pelo Papai Noel. Por isso esse ano não pensamos ainda em introduzir essa tradição. Para os próximos veremos, já que não é um costume da família do meu marido (mês passado contei aqui sobre o Natal na nossa família) e eu, bom… eu nem mesmo sabia muito da Befana até esse ano! E visto que em Verona quem faz sucesso mesmo é Santa Lúcia, vamos ver quais as tradições que farão mais sentido dentro da nossa realidade.
Para ver um vídeo da queima da Befana em Verona em 2018, clique aqui.
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