Venha ser professora de POLH
Juntos somos fortes! Quando Chico Buarque escreveu essa música para o musical Os Saltimbancos, ele tinha a intenção de fortalecer o povo brasileiro dando um sentido de unidade, e mostrar que lutando juntos lado a lado, não tinham nada a temer contra o momento difícil que se vivia no Brasil.
Eu adoro usar esta frase sempre que estamos falando de POLH nos eventos, ou mesmo em posts ou artigos, porque é forte, porque é motivadora e na minha humilde opinião, é a melhor forma de darmos força a nossa língua portuguesa. Sermos unidos nos faz muito maiores do que pensamos e muito mais fortes e visíveis. E é com este sentimento de união que escrevo hoje!
Sei que escrevemos aqui para mães. Todas interessadas em manter sua língua com seus pimpolhos e que fazem tudo o que está ao seu alcance para manterem o português com seus filhos. Aqui você encontra muitas dicas para desenvolver o português com sua criança.
Sei também que muitas se interessam pela área da educação bilíngue e até têm vontade de ensinar o português como língua de herança. Algumas possuem qualificação na área de educação ou letras, outras têm mesmo amor pela educação e esse amor as leva à sala de aula.
É para estas mulheres determinadas que escrevo hoje. Você quer se tornar uma professora de POLH, mas não se sente qualificada ou preparada? Não sabe por onde começar? Não se desespere! Esse “medo” acontece com todas nós e vou te ajudar no caminho das pedras, pelo menos tentar te dar uma luz para esse túnel aí.
O início de minha jornada como professora de PLH
Quando iniciei a minha jornada como professora de português como língua de herança lá em Londres, em uma das mais antigas escolinhas comunitárias de Português como Língua de Herança (BREACC, clique aqui para contacta-los), era tudo muito novo, tudo muito diferente pra mim. Assim que comecei na escolinha, notei imediatamente que havia diferenças bem marcantes do ensino regular em escola ou mesmo em curso de línguas, a começar pelos profissionais que eram engajados neste universo do POLH.
Durante algumas oficinas que participei logo no início de 2012 através da ABRIR (A Abrir era uma associação sem fins lucrativos que desenvolvia projetos educacionais no Reino Unido e tinha o objetivo maior de ajudar as escolinhas e os professores de POLH), percebi que muitas das professoras que dividiam comigo as dúvidas e aflições de não saber por onde começar e o que ensinar, eram na verdade mães, que estavam engajadas em uma escolinha como voluntárias, e a grande maioria não era da área da educação, mas nem por isso, menos comprometidas com o movimento do ensino de POLH de qualidade.
Era muito difícil encontrar pessoas qualificadas em Letras, Pedagogia ou Psicologia que quisessem perder suas manhãs de sábado ensinando português por uma ajuda de custo. Assim, quase todos os envolvidos nas escolinhas eram mesmo pais com muita boa vontade, que davam muito mais do que sabiam para manter os seus filhos e as outras crianças falando português e vivendo um pouquinho de Brasil.
Eu não tinha experiência com ensino de línguas, não sabia o que era uma língua de herança, mas ainda assim, achava aquela situação das escolinhas muito ruim e um tanto amadora em relação às práticas docentes. Inocente, eu não sabia de nada… todos davam o seu melhor, só precisavam de um rumo. Eu também precisava de ajuda, porque não sabia nada. E achei!
Leia também: Por que não devemos ter medo do bilinguismo
Primeiro, antes de tudo, a internet me ajudou muito! Encontrei muita literatura importante sobre bilinguismo, li tudo o que passou pelos meus olhos. Fui apresentada ao fantástico mundo do português como herança através do blog Filhos Bilingues, depois o website da ABRIR e a própria fundadora Dra Ana Souza que me deu o incentivo para eu achar uma escolinha e me voluntariar, e já dentro do BREACC então, comecei a estudar muito.
Encontrei na internet um fórum de professores de português como língua estrangeira, o Fale Português, que me auxiliou muito. Este fórum ainda existe, e dele nasceu uma comunidade no Facebook chamada Ensinar Português como Segunda Língua, onde estou desde o início e todos os dias aprendendo um pouco mais sobre o ensino de língua com os fantásticos professores de língua portuguesa que estão lá – lembrando que sou pedagoga, com especialização em Orientação Educacional, portanto, não sou professora de línguas, não estudei Letras.
Aproveitando as oportunidades de formação
Eu aproveitei todas as oportunidades de formação que apareceram no meu caminho. Fiz quatro oficinas pela ABRIR que eram oferecidas gratuitamente, com o nome de “Formação continuada para professores de portugues como língua de herança”. Depois fiz outra formação, no OIE University of London, fiz uma formação pelo Instituto Camões, cujo o teor era específico para a didática do ensino do POLH, participei de webnários, congressos e simpósios, li muitos livros, enfim…
Ainda falta muita coisa e continuo me inscrevendo em formações que são oferecidas. O caminho é esse aí, há que estudar sempre e se conectar com o mundo. Esta eu acho que é a mais importante recomendação: ESTUDE! Prepare-se para desenvolver um dos trabalhos mais bonitos que é o POLH.
Então, se você está interessada em fazer parte deste universo maravilhoso, seja bem vinda! É um movimento em plena expansão. Todos os dias há grupos de mães pensando em abrir uma iniciativa e precisando de gente disposta a ajudar. Hoje, muitas escolinhas pedem que os novos professores sejam profisionais da área de educação ou letras e que tenham alguma experiência e há muitas formas de obter formação nesta área específica do POLH.
Dicas para obter formação em POLH (ou PLH)
A AOTP (associação americana de professores de português) oferece webnários gratuitos, com temas maravilhosos, além de promoverem anualmente um evento muito significativo para o POLH, que é o Encontro Mundial sobre o ensino de Português e que, desde o ano passado, abriga também um simpósio sobre POLH especificamente. A AOTP também divulga cursos de formação e auxilia muito os professores de Língua Portuguesa nos Estados Unidos.
Ainda nos Estados Unidos, a Brasil em Mente também oferece curso de formação para professores de português como língua de Herança, divido em módulos que se complementam e é totalmente online.
O Instituto Camões também oferece formações na área de ensino de língua portuguesa como herança, totalmente online e com certificação reconhecida. Eu mesma já fiz um e estou nesse momento inscrita para outro. Recomendo muito, acho que vale muito a pena, além de ser bem acessível em termos financeiros.
Cobrindo toda a Europa, o ELO EUROPEU de Educadores de Português como Língua de Herança oferece cursos, oficinas e palestras com profissionais com muita experiência e muito comprometidos com a causa do POLH e que, por este motivo, se voluntariam para ministrar essas oficinas, cursos e palestras onde se fizer necessário. O ELO nasceu no I SEPOLH (Simpósio Europeu de Português como Língua de Herança) que aconteceu em Londres na OEI University of London, e que contou com as escolinhas do Reino Unido e outras de toda a Europa. No próximo ano acontecerá a 3ª edição do SEPOLH na cidade italiana de Florença, mas isso é assunto para um outro post.
Além das instituições que mencionei, algumas escolinhas fazem suas próprias formações continuadas e, às vezes, abrem para a comunidade local para auxiliar colegas de outras escolinhas, facilitando assim a união, a troca de experiências e o aperfeiçoamento de todos enquanto professores de POLH. E é nessa hora que eu costumo falar: Juntos somos fortes! Porque estamos todos no mesmo barco, com as mesmas intenções, queremos todos a mesma coisa: que o POLH fique cada vez mais forte e que a nossa língua seja cada vez mais visível no mundo.
Até a próxima, pessoal!
13 Comentários
Rita, muito legal seu texto, parabéns! Eu tenho uma duvida: como é remuneração desse tipo de atividade? É possivel enquanto esta investindo no processo de formação?
Obrigada Grace!
A maioria das escolinhas espalhadas pela Europa d’ao uma ajuda de custo, não muito alta. Não posso falar sobre a forma como as iniciativas agem nos Estados Unidos, pois não tenho esses dados.
Aqui na Europa a maioria das escolinhas são uma espécie de “charity” (caridade).
Beijinhos e obrigada por ler nossos artigos!
Rita xx
Obrigada Grace!
A maioria das escolinhas espalhadas pela Europa d’ao uma ajuda de custo, não muito alta. Não posso falar sobre a forma como as iniciativas agem nos Estados Unidos, pois não tenho esses dados.
Aqui na Europa a maioria das escolinhas são uma espécie de “charity” (caridade).
Beijinhos e obrigada por ler nossos artigos!
Que texto maravilhoso!
Sempre tive paixão por Português na escola e na minha fase dede vestibular, fiquei pra trás na segunda fase da Fuvest quando prestava Letras. Terminei me formando em Comunicação Social e ainda hoje sinto essa vontade de estudar nossa lingua e principalmente, de me capacitar para ensinar meus futuros filhos.
Tenho extremo interesse por bilinguismo. Moro na Irlanda e sou casada com um polonês criado na Holanda. Sim! Meu marido foi uma criança bilíngue. Rsrs
Obrigada por compartilhar o caminho das pedras!
Oi Annaline 🙂
Wow… então seus futuros filhos terão uma casa rica em línguas e cultura, que lindo!
Desejo a você a realização deste sonho… vá em frente, menina… não desista de nenhum sonho…
Beijinhos
Rita xx
[…] Não percam, acessem: https://www.maesmundoafora.com/juntos-somos-fortes-venha-ser-professora-de-polh/ […]
Parabéns!
É um prazer imenso poder fazer parte de uma forma ou outra desse projeto.
Parabéns à você, por ser parte deste projeto de amor.
Um abraço!
Rita xx
Sou brasileira, moro na França e tenho filhos bilíngues. Sou formada em Letras (português – inglês), com pós-graduação em Literatura Brasileira. Gostaria muito de trabalhar aqui, como professora de português, mas não tenho ideia do que fazer para começar, principalmente com relação ao meu diploma, já que estudei no Brasil. Você pode me dar alguma orientação? Obrigada!
Olá Tatiana!
Obrigada pelo seu comentário. Eu não sei exatamente como funciona na França, mas você pode procurar o pessoal da Herança Brasileira que funciona em Paris.Envie um email para eles , talvez eles possam te dar uma luz. Eles possuem uma página no Facebook também.
Boa sorte e um beijinho.
Rita xx
Olá Rita! Dou aulas de POLH aqui na Dinamarca, e a minha turma é a primeira que tem o ensino de português brasileiro subsidiado pelo governo. Sou pedagoga, especialista em alfabetização e fui profa de ensino fundamental por mais de 15 anos no Rio. Muito obrigada pelas dicas e informações.
Oi Débora!
Wow…. o POLH chegou a Dinamarca… que felicidade! Muito bom saber 🙂
Já conhece o ELO Europeu de educadores de POLH? Eles têm fanpage no facebook e um website cheio de informações pertinentes a quem está ligado ao POLH aqui na europa, e as vezes, fora da europa também.
Envie uma mensagem na pagina do BPM Kids informando a sua localização e se tiver, a sua pagina na web para que possa entrar no mapa de POLH criado pelas editoras 🙂
PARABÉNS pela iniciativa e coragem… as vezes o caminho fica complicado, mas nunca impossível! Se precisar é só gritar.
Beijinhos
Rita xx
[…] a iniciar seus estudos na área de PLH, uma história que tenho ouvido muito ultimamente. Veja aqui como se especializar em […]