A inteligência emocional pode ser denominada como uma chave para o conhecimento e fortalecimento das nossas próprias emoções, auxiliando durante a caminhada para o enriquecimento de experiências em diversas fases e processos de vida.
Como mulheres e mães, consideradas emotivas por natureza, aprendemos rapidamente que nem tudo é lindo e maravilhoso. Muitas vezes somos as principais responsáveis pela educação das nossas crianças (no meu primeiro artigo cito o exemplo do aprendizado de idiomas, incluindo algumas dicas práticas).
Ao utilizarmos a inteligência emocional como uma ferramenta extra, adquirimos a capacidade de construir uma base que estimulará nossos filhos, uma forma segura para uma vida emocional equilibrada.
Inevitavelmente, encontramos problemas que nunca imaginávamos existir, principalmente quando acompanhamos ativamente o crescimento dos nossos filhos. Encontramos também maneiras de solucioná-los, graças ao conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Agindo dessa forma, apoiamos a criança com uma segurança extra, o que a leva a reconhecer e trabalhar emoções, facilitando todo o processo relacionado a todo tipo de aprendizado.
Para muitos pais e educadores o assunto ainda é território desconhecido. Se este for o caso, sugiro que a/o leitor(a) faça uma breve reflexão sobre as próprias estratégias adquiridas/aprendidas durante seu processo de vida, especialmente ao lidar com fortes emoções. Essa experiência pode até ser desenvolvida diariamente, durante os momentos em que juntos (mãe/pai + filho(s)), pratiquem a descoberta dos sentidos, o que tornará esse “experimento” gratificante. As observações abaixo foram encontradas em trabalhos do Dr. J.D. Mayer & Peter Salovey. Daniel Goleman também escreveu livros e artigos sobre o assunto.
- De 0 a 2 anos: os bebês percebem as emoções dos outros e reagem a elas;
- De 2 a 5 anos: as crianças são capazes de aprender a distinguir e expressar verbalmente emoções básicas, como alegria, tristeza, raiva ou ansiedade;
- De 6 a 12 anos: aprendem a analisar suas próprias emoções e se tornar mais conscientes das sensações físicas que as acompanham, o que contribui para a formação da identidade;
No que diz respeito às atitudes em relação aos filhos e emoções, torna-se imperativo desenvolver/criar maneiras positivas de lidar com experiências negativas, pois essa atitude poderá ser aplicada no aprendizado de situações que eventualmente possam se repetir no futuro. Registro aqui meu testemunho como mãe, pois confesso que fui “transformada” em um ser resiliente e criativo, elementos naturais que todas nós possuímos, pois fazem parte do que eu chamo “nossa” mistura genética multicultural.
Não basta entender nossas emoções, é importante reconhecer o que sentimos para encontrarmos formas saudáveis de adaptação ao ambiente que vivemos.
Aqueles ideais sobre uma vida glamorosa no exterior têm pouco a ver com a realidade vivida por muitas mães brasileiras residentes pelo mundo. Trabalhamos com afinco, nos transformamos em agentes de multiplicação em muitas comunidades, principalmente quando somos integradas à realidade do país adotado como residência.
Descreverei um caso vivido logo após nossa mudança da Áustria para a Alemanha. Na época meu filho tinha apenas seis anos e a professora do pré-escolar nos observava diariamente enquanto eu me despedia na porta da sala de aula. Abraços e beijos eram acompanhados de palavras carinhosas, tudo falado em português… Isso fazia parte do nosso ritual matinal. Em seguida, ele entrava na sala, descontraído, cheio de energia! Ele também sabia que no ano seguinte entraria na escola, localizada em um belo prédio próximo ao do prezinho.
Eu trabalhava na biblioteca da escola e um dia a professora veio conversar comigo, sugerindo que eu falasse alemão com meu filho, já que ele precisava falar o idioma do país onde residia. Lembro que minha primeira reação de espanto durou alguns segundos e, naturalmente, momentos depois veio a pronta resposta ao argumento da educadora, afinal de contas, a criança já falava alemão, com um sotaque austríaco, mas falava.
Calma e pausadamente, afirmei que, desde minha gestação meu filho escutou três idiomas, e assim seria pelo resto de nossas vidas, independentemente do lugar onde morássemos, eu continuaria falando português com ele. Visivelmente admirada com a resposta a mulher ainda tentou justificar-se, porém ao notar minha firmeza, despediu-se um tanto desconcertada.
Durante o acompanhamento do crescimento dos filhos, inevitavelmente encontramos novos desafios. Durante esse processo ajudamos a criança a reconhecer suas emoções, o que facilita o aprendizado geral e/ou o convívio na sociedade. Tudo acontece natural e gradualmente, dependendo da idade e do estágio de desenvolvimento de cada um.
Um dos erros mais comuns é ensinar às crianças que emoções desagradáveis devem ser ignoradas. Todo aprendizado faz parte de um processo de integração de dentro para fora. Além disso, muitas vezes existe uma tendência de negar as fortes emoções vividas pelos filhos, o que resulta em um encorajamento inconsciente em ignorar ou esconder o lado emotivo.
A verdadeira lição acontece na prática diária, quando lidamos com emoções assim que tomamos conhecimento delas (exemplo citado acima). Ao adquirirmos uma consciência emocional ela se tornará uma geradora de mudanças positivas para nossas vidas. Ou seja, nos tornamos capazes de reconhecer o que nos causa frustração, sentimentos negativos, positivos ou agradáveis, encontrando, em seguida, uma melhor maneira de compreendê-los.
Com o aprendizado e desenvolvimento de uma consciência emocional a criança passa a reconhecer porque se sente assim e não de outra forma. Consequentemente as reações serão acompanhadas do aprendizado, adicionando o respeito dos limites de cada um. Comparo o processo a uma viagem ao passado, retornamos a um dos momentos mais especiais da vida, os primeiros passinhos da criança, um pezinho atrás do outro… Milagres acontecem todos os dias!
12 Comentários
Excelente artigo, Alexandra. A inteligência emocional precisa ser compreendida, assim como incentivada. Parabéns pela ótima explanação! Ce
Abraços da Alemanha!
Grata pelas palavras de incentivo e por sua amizade, poetisa Chris Hermann!
A autora compôs seu texto com maestria baseada em uma rica experiência de vida e em uma biografia esplêndida. Particularmente, o texto é um referencial para educadores e pais.
Muito obrigada professora Ana de Mesquita!
Honrada por ser denominada como um referencial.
Abs de Augsburg,
Alexandra
Gostei muito Alexandra, razão e emoção não devem ser separadas, somos seres inteiros. Precisamos aprender a reconhecer nossos sentimentos, nomea-los e trabalhar neles para nós conhecermos melhor, eis a chave. Parabéns
Sim Vanessa, seres inteiros, bela verdade! Obrigada pelo feedback, sigamos no aprendizado!!!
Beijos da Baviera, contagem regressiva para sua chegada 😉
Belo artigo querida Alexandra!! Sempre digo às professoras que ao re-conhecer seus sentimentos é um dos caminhos para ajudar as crianças a re-conhecer seus sentimentos. E o estado emocional é fundamental para o processo de ensino aprendizagem das crianças. 😘
Fico feliz e orgulhosa por conhecer pessoas com um trabalho como o seu, querida Rejane! Muito obrigada!!!
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