Como superei a frustração de não conseguir amamentar
Neste agosto dourado, mês de conscientização sobre a importância do aleitamento materno, divido com vocês a minha experiência e conto como superei a frustração de não conseguir amamentar.
Antes, quero deixar claro que considero a amamentação algo importantíssimo. Minha intenção aqui não é, de forma alguma, desencorajar outras mães e muito menos passar uma mensagem de que fórmula e leite materno são a mesma coisa. Acho que a fórmula é saudável sim e graças a Deus existe, mas a vejo como uma segunda opção, pois acho que o que a natureza produz é sempre o melhor. Mas, acredito que partilhar a minha experiência é também abraçar e acolher aquelas mães que, como eu, não conseguiram ou puderam amamentar.
O contexto psicológico do meu puerpério
Hoje em dia acho que cometi alguns erros, mas não me condeno por eles. Não sou frustrada por não ter amamentado. Entendo todo o contexto psicológico que me fez desistir de tentar e me aceito como um ser humano normal. Aquela pretenção de ser uma super-mulher, a mãe perfeita, já deixou de existir há muito tempo. E digo: isso é libertador!
Já contei em um texto anterior (que você pode ler aqui,), que ter o meu filho não foi nada fácil. Tive duas perdas antes de conseguir levar a gestação adiante e, por isso, tive um primeiro trimestre infernal. Todos os dias eu acordava com medo de estar, mais uma vez, carregando um filho morto dentro de mim. Eu rezava mesmo sem ser religiosa e lia muito – neste caso, ler foi a pior coisa que fiz comigo mesma.
A literatura sobre gestação é infinita, mas claro que, ao mesmo tempo que encontramos muita informação maravilhosa e que ajuda muito, também encontramos literatura sobre tudo de ruim que pode acontecer. Por conta do medo e dessa personalidade que tenho de que “preciso sempre estar preparada para tudo”, acabei lendo muita coisa que não me fez bem. Eu não me sentia segura, achava que tudo poderia acontecer a qualquer momento. Quando meu filho saiu de mim, por não ter chorado, até eu conseguir me sentar e ver com meus próprios olhos que ele se movia, eu tive aqueles 10 segundos de pânico por conta de textos que havia lido sobre bebês natimortos. Ou seja, fiquei realmente paranóica.
Eu sofro de depressão e me preparei demais para tentar evitar a depressão pós-parto. Tive todo um acompanhamento do meu estado mental com a minha doula e, por conselho dela mesma, depois da 15a semana da gestação e quatro ultras bem sucedidas, ela mesma me recomendou que parasse de ler e de me informar. Ela disse que, às vezes, confiar na natureza e que tudo vai dar certo, como era antigamente, é melhor do que se preparar demais antecipadamente. No meu caso, este conselho foi muito importante . Eu o segui e me acalmei. Até porque tínhamos encontros mensais e eu tinha aquela mulher maravilhosa (jamais a esquecerei) para tirar dúvidas.
Eu sou meio 8 ou 80, então tomei uma decisão meio radical, mas que foi importante para o meu psicológico: não li mais NADA. Nada mesmo. Coloquei na cabeça que deixaria a natureza agir e que aprenderia tudo por instinto. Não quis fazer curso pré-natal, não participei de nenhum grupo de grávidas e quando tinha dúvidas, perguntava à Tarja (minha doula) ou a minhas amigas mães. E assim foi.
A falta de leite e a perda de peso do bebê
Assim que tomei meu banho, pouco tempo depois de o bebê nascer, a parteira falou: “Ele está com fome, vamos dar de mamar?”. Como eu não estava sentindo absolutamente nenhuma diferença em meu peito, eu me lembro de dizer a ela que achava que meu leite ainda não havia descido. Mas ela disse que era assim mesmo e me ensinou a posicionar o bebê para a amamentação.
A frustração de não conseguir amamentar já começou ali. O pele do bico do meu peito é extra-sensível e meus mamilos são tão pequenos e finos que “entravam” quando o bebê começava a sugar. Ou seja, ele não conseguia pegar meu peito e chorava muito de fome. Me deram um bico de silicone para ajudar e até ajudou na pegada, mas leite que é bom, quase não vinha. O menino, tadinho, dava tudo de si, mas continuava com fome e desesperado.
Usei o método canguru, em que o bebê fica pele a pele comigo. Colocamos o travesseiro e ele ficava o tempo inteiro deitado com a boca no meu peito.
Na primeira noite de vida dele meu cansaço foi zero. Eu era pura adrenalina. Ficava ali, deitada de lado com ele no meu peito, olhando se passava leite pelo bico de silicone. Eu via que não era o suficiente, o menino berrava de fome, aquilo me atormentava e ninguém me ouvia.
“É assim mesmo, no início é só o colostro, já já o leite vem.”

Foto: Arquivo pessoal
No dia seguinte, tivemos a primeira consulta com o pediatra e ele foi pesado. Tadinho, havia perdido tanto, mas tanto peso, que eu não pude receber alta. Ele nasceu com 3kg e 288 gramas, 50 cm em 39 semanas de gestação, tudo perfeito. Com 24h de vida pesava somente 2kg e 400 gramas e estava com icterícia neonatal. Eu nem sabia o que era isso e quando o médico explicou que a condição pode ser relacionada à fome e que pode causar epilepsia, virei uma leoa! Levantei da cadeira e soltei o verbo. Falei que havia avisado centenas de vezes que não estava saindo leite do meu peito, que eles estavam matando meu filho de fome.
Icterícia, banco de leite e seringa
O pediatra me acalmou e imediatamente recebi as instruções para começar a bombear meu peito e como dar leite na seringa para que o bebê não recusasse o peito depois.
Segundo as enfermeiras, quando o bebê toma mamadeira, a sucção é tão mais fácil que ele pode passar a recusar o peito mais tarde. Havia um banco de leite na maternidade e pude alimentá-lo com leite materno de mães doadoras.

Foto: Arquivo pessoal
Fiquei no hospital três noites até ele chegar a 3Kg e estar bem da icterícia. Eu bombeava leite a cada duas horas e cada bombeada trazia de volta a frustração de não conseguir amamentar. Nem 10ml de leite no frasco. Tive que complementar com a fórmula.
Eu fiquei bem traumatizada ao ver meu filho chorando de fome em seu primeiro dia de vida e por ele haver perdido todo aquele peso e ter ficado subnutrido. Aquilo me abalou demais e, por conta disso, a técnica da seringa durou pouco. Ele ficava impaciente e chorava muito, pois queria mamar. Eu o colocava no peito, ele sugava e desistia, pois estava com fome. Passou uma semana e eu decidi comprar uma mamadeira. Meu bebê passou a dormir como um anjo, não chorava mais, começou a ficar gordinho e feliz. E eu também.
Bombinha e, enfim, mamadeira e fórmula
Até ele fazer 2 meses eu ainda bombeava o leite. Tinha vezes em que bombeava tanto que me machucava de verdade, mas eu queria encher uma mamadeira que fosse. Isso meio que virou uma meta doida na minha cabeça. Eu me forcei tanto que tive tendinite. E foi quando desisti.
Meu próprio marido conversou comigo e disse que eu estava sendo dura comigo mesma, que o bebê adorava a fórmula e a mamadeira, que eu precisava relaxar e me acalmar, pois eu não era a única mãe no mundo que não conseguiria amamentar e que isso não tem nada demais.
E assim eu segui o seu conselho e parei. Meu leite secou bem rápido.
Conexão mãe e filho
Eu queria ter aquela conexão única que toda mãe que amamenta descreve: ter o bebê me fazendo carinho enquanto mama, sentir que estou alimentando ele. Não amamentar num primeiro momento significou para mim que eu não teria nada daquilo, que meu filho seria menos conectado comigo ou menos saudável por não ter mamado no peito. Mas consegui, com o apoio do meu marido e de minha doula, superar esse sentimento de frustração de não conseguir amamentar. Quem dava a mamadeira, quem preparava a fórmula, quem fazia tudo era eu. Ele não mamou em meu peito, mas mamou pelas minhas mãos, em meus braços, com meus carinhos, corpo a corpo comigo. Nossa conexão única e linda existiu de qualquer forma.
Se você é mãe e realmente não pode, não consegue ou não conseguiu amamentar, não se sinta frustrada! Não precisa. Nada deixará você menos conectada com seu filho. Nada te fará menos mãe. A única pessoa no mundo que pode te desconectar dele é você mesma. Seu filho nos seus braços é o que importa.
32 Comentários
Maila, adorei o texto. Eu também passei por isso com a minha primeira filha. Foi muito frustrante e duplamente doloroso (na alma e nos peitos). Graças a Deus ela cresceu saudável e parte da culpa deixei para trás. Com a segunda filha, talvez menos ansiosa, consegui amamentar 5 meses e fiquei muito feliz. Nunca AMEI amamentar porque sempre doeu e eu me sentia muito presa. Hoje vejo que agi como pude naqueles momentos. Seguimos felizes e unidas e ficaram só as lembranças.
Marilia, acho reconfortante sempre que uma mulher tem coragem de assumir que não ama fazer algo que a sociedade estabeleceu como obrigatoriedade de se gostar. Muito obrigada por seu comentário. Sobre a questão de estar presa, eu concordo plenamente e isso foi um dos pontos positivos nos quais foquei para não me frustrar quando desisti. Um beijo
Oi Maila, fiquei muito emocionada com sua trajetória de amamentação e me identifiquei muito pois passei pelo mesmo caso que você, isso me confortou bastante em saber que não estou passando essa frustação sozinha e existe outras mulheres que não puderam amamentar, José é meu primeiro filho e pra gente é tudo novidade, também não recebi a orientação correta, e foram três meses de muita frustação mais mesmo assim eu insistia em amamenta-lo, sabia decisão sua em aceitar que não dava mais. Não seremos menos mãe só por não amamamenta-lo no peito. Obrigada por compartilhar sua história 😌💖
Querida Vanessa,
Muito obrigada por sua mensagem e por palavras tão especiais. É muito confortante sabermos que não estamos sós e que nossos sentimentos são compartilhados. Um grande abraço
Maila ler sua experiência no dia de hoje pra mim foi tudo. Eu já estava temendo estar com depressão pós parto por conta da frustração de tentar amamentar e ñ conseguir. Me descrevo nessa sua história de vida. Contratei uma pessoa para me orientar, mas ñ deu certo pois minha bebê só morde o bico do meu peito que já está sangrando. Hoje vou dormir melhor, preciso recuperar minha estima. Amo minha filha e ñ vai ser a forma da alimentar que vai diminuir meu contato com ela. Deus te abençoe grandemente.
Querida Maria,
Fico muito feliz em saber que meu texto te ajudou. Amamentar não é gesto de amor, gesto de amor é nutrir seu bebê com carinho, é segura-lo e sentir aquele cheirinho delicioso que nos enche de felicidade. Somos muitas as mães que não amamentam por diversas razões e isso jamais pode nos diminuir, jamais! Somos todas mães! Um abraço apertado. Maila
Maila te entendo perfeitamente. Querer infelizmente nem sempre é poder.
Mas somos humanas e fazemos o que podemos… se engravidasse hoje tentaria tudo outra vez.
Querida Zandra. Eu também!! Muito obrigada pelo comentário.
Eu tenho sentimento de culpa até hoje por não ter amamentado meus dois filhos. A produção de leite era muito pouca e o bico muito complicado de o bebê pegar hoje meus filhos tem um de 14 anos e o outro de 7 anos. E as pessoas criticavam q era pq eu não queria dar o peito é muito frustante
Olá Islayane,
A pior parte, que realmente nos fere, são as críticas. A falta de apoio é a pior coisa que uma mãe pode receber.Eu sinto muito.
Tenho certeza de que seus filhos são felizes, fortes e muito gratos por terem você como mãe. Um abraço
Eu tive o “combo do desestímulo” logo de início: cesárea, mamilos invertidos, leite que não ‘descia’, bebê em UTI, mamadeira, eu também em UTI… mas pelo o seu texto consegui identificar uma coisa (que não vou dizer com 100% de certeza que foi seu caso, mas há grande chance de que tenha sido): confusão de bicos.
Isso que a enfermeira disse sobre o bebê não pegar o peito da mãe depois de usar mamadeira acontece com bico de silicone (que foi dado a você logo desde o início) e chupeta também. O que estimula a produção de leite é a sucção do bebê, quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido (e peito não é estoque de leite, é fábrica. Boa parte do leite que o bebê mama é produzido pelo corpo na hora). Com o bico de silicone no meio do caminho o bebê não mama direito (pois a pega está incorreta) e nem o peito recebe o estímulo. O bebê não aprende a mamar bem, perde peso e o corpo da mãe não produz o leite. E nem toda mãe também consegue ordenhar (eu nunca consegui tirar mais que 7 ml).
A diferença que no meu caso, depois de longos 20 dias em UTI neonatal, com ajuda de consultoras de amamentação e instruções corretas, felizmente no meu caso a confusão de bicos do meu filho não era tão grave a ponto de não conseguir reverter a situação. Consegui amamenta-lo exclusivamente até os seis meses e hoje (mais de dois anos após o nascimento) sigo amamentando.
Sei que de forma alguma o seu texto tem intenção de desestimular a amamentação e sim para trazer tranquilidade a mães que passaram pelo o que você passou, mas talvez seria interessante adicionar informação sobre a confusão de bicos também para aquelas mães que nesse momento estão no puerpério e, num momento de aflição, não se sintam desestimuladas a continuar tentando a amamentar (mas tentando sem estímulos para a confusão de bicos). Certamente se eu tivesse lido seu texto antes de ter ajuda das consultoras de amamentação eu teria desistido.
Se for de alguma ajuda, o grupo Matrice pode ajudar com informações melhor do que eu.
Olá Juliana!
Muito obrigada por seu relato. Entendo sua preocupação em achar que, de repente alguma outra mãe possa desistir ao ler meu texto, mas eu realmente não vejo dessa forma, pois eu escrevi que sei que cometi erros e que agi da maneira como foi melhor para mim, principalmente por conta do meu quadro crônico de depressão. Editar o meu texto vai tirar dele a espontaneidade dos sentimentos que dividi, mas o seu comentário é uma fonte excelente de informação e tenho certeza de que será lido por todas as mamães que chegarem a este texto. Praticamente todas as pessoas que leem os textos leem os comentários também. Agradeço imensamente por seu comentário. Um grande abraço.
Olá Juliana, estou lendo o relato da maila em prantos, e discordo um em partes com você. Nem sempre apoio e informação ajuda a ter uma boa amamentação. Eu também tive ajuda de consultoria de amamentacao com laser, busquei ajuda no banco de leite da minha cidade por incansáveis vezes, tive uma rede de apoio para talvez me possibilitaria uma amamentação tranquila. Fato é que nada deu certo, pega posicionamento corretos, mamilos ( grandes) mesmo que não interfira, diversas consultas com fono, pediatra etc… Nada adiantou. Temos que parar de romantizar isso, saber parar, enxergar os limites físicos e psicológicos que isso trás para algumas mulheres, meu esposo queria que eu tivesse desistido desde o início, mas eu quis tentar, tentar e tentar, até perceber que aquela situação estava me deixando doente, e eu não estava conseguindo me doar para meu filho. Eu vim saber se tem outras mulheres que passam pelo mesmo que eu, e muito bom saber que existem mulheres que não te dizem” olha o peito pode esta caindo mais tem que alimentar seu bebê” Não! Não tenho, e nenhuma mulher tem, desde que isso seja uma tortura e não um prazer. Para finalizar a própria pediatra pediu para que eu parasse, que eu estava me sacrificando demais e que tudo aquilo já era doença. E me disse: E melhor que seu filho mame uma mamadeira te olhando nos olhos, do que você olhar para seu filho mamando no seu peito com lágrimas e sofrimento. Espero não desencorajar ninguém, mais todos temos um limite e devemos saber quando parar. SEM CULPA
Para complementar eu tenho bastante leite, ele tem a pega correta, mais ele me machuca e não tem nada de errado com ele também. Hoje eu tiro o leite e complemento com a fórmula, faço uso de sonda porque a mamada e mais lenta e exige mais sucção que e melhor para a digestão. Pela pediatra e pelo meu esposo nao estaria ordenhando, mas eu tenho muito leite e ainda consigo fazer a ordenha.
Vou continuar até estiver conseguindo e me sentir bem, caso contrário eu paro e fico somente com a fórmula que graças a Deus existe para nos salvar.
[…] agosto 8, 2019 […]
Estava na internet em busca de uma explicação por não ter conseguido amamentar e me deparei com este texto (já estou até a seguir a página no FB). Percebi que este fato não é exclusivamente comigo. Minha segunda filha tem exatamente 1 mês e 13 dias. E amamentei exclusivamente até os 18 dias de vida. 😢
Eu tinha muito leite, sofri horrores com a descida do leite, além do bico machucado, mesmo com a pega certa. Fui muito bem orientado na maternidade, nos cursos de preparação para o parto, e apesar da dor física que doía na alma, eu estava super empenhada e feliz por estar amamentando em livre demanda (coisa que não pude com a minha primeira). Bem, aqui em Portugal, quando o bebê nasce, levamos ao centro de saúde para a pesagem semanal até completar 1 mês. Ela nasceu com 3660kg. Passada uma semana, ela ainda estava nos 10% abaixo do peso de nascida. O que não devia. Esperamos a semana seguinte para observar melhor, e aí, ganhou apenas 60gr.
E ela mamava sempre que queria. Até largar o peito. Na semana seguinte mais 100gr. A enfermeira nao estava satisfeita com o pouco ganho de peso. Já era para ter recuperado o peso de nascida . Eu saí de lá arrasada, mas empenhada em ajudar ainda mais. Além disso, cólicas apareceram nessa fase. Como pode tão novinha? Fui orientada nas mamadas, em não deixar dormir no peito, massagem na barriguinha… até que com 16 dias, coloquei no peito e com 5 min mamando ela chorava horrores. Não saia nada. Como assim não tem leite?! Mudei de peito e ela mamou. Eu gelei.
Próximas mamadas normalizadas 🙏🏼
E assim seguimos.
No 18° dia, na mamada das 3hrs da manhã, novamente aconteceu. Não tinha leite. Mudei de peito. Mamou 5 min e não tinha mais
Eu apertava e não saia
Eu chorava! Muita coisa! E ela chorava de fome 😭😭😭
MEu marido saiu às pressas para comprar LA e uma mamadeira
Foi qnd ela se acalmou
Na outra mamada, tudo normal. Até que uma vez por dia isso acontecia. E depois 2, e assim foi… varias vezes. Quando ela reclamava, eu dava complemento, se nao, deixava mamar a vontade até largar. Os complemetos passaram de 1, para 2, 3, 4, 5x por dia… eu só sabia chorar e pedir desculpas a ela.
Nova pesagem: muito bem, ganhou mais 200gr e atingiu o peso de nascida. Conversei, pedi ajuda, me orientaram, e segui nas tentativas.
Mais e mais vezes ela precisava do complemento.
Com 1 mês o completo já era a refeição principal e meu leite a entradinha 😭😭😭
Marquei consulta com uma pediatra na semana seguinte. +200gr. Ela me sugeriu tomar uma medicação para a lactacao. Natural, e que ajuda muita gente. Mas as vezes n funciona para outras.
Fui com toda minha fé e esperança. Cai no seleto grupo de que não resolveu. 😭😭😭
Já estou há 3 dias sem sentir o peito encher. 2 dias que não consigo que ela mame 1 gota sequer, pois não sai. Pois enquanto havia 1 gota, eu fazia questão. Mas não há mais. O peito não enche! 😢
A cada mamada me dói não poder dar o peito. Tão novinha. Não sei o que houve. Me alimento muito bem, bebo muito água, tudo que se deve fazer para ajudar na lactação eu fiz. Apelei para a canjica, banhos quentes, e a medicação.
Sugeriram o uso da bombinha p estimular. Não consegui comprar. Me ofereceram emprestado uma, mas n consegui buscar. A pessoa mora um pouco afastado da minha casa, e se ofereceu p levar p o trabalho que fica um pouco mais perto de mim. Mas n tinha como buscar. Meu marido trabalhando de 9:00 as 18:00, dando aula de 18:30 as 22:15 e ainda sábado o dia todo.
Pois bem, hoje já não tenho mais leite. Uma dor que me consome a alma. Dói no fundo. Passei tanto sufoco, tinha tanto leite e de repente tudo se foi. Não acho explicação para isso. Apenas 18 dias de leite materno! 😭
Minha primeira já não podia mamar por livre demanda devido a um sério refluxo que tinha
Como estimulava pouco, aos 4 meses secou. Mas ela mamou exclusivo até 3 meses e meio. Depois teve q completar com leite AR pq já n ganhava peso.
Como eu quero amamentar até no mínimo 4 meses. Mesmo que complementasse. Só queria ter o prazer de fazer. Já não exigia exclusividade. E foi com isso que sigo tomando a medicação até o fim, para ver se um milagre se faz. Mas o peito não enche. Vez ou outra sinto um formigamento no seio. No bico principalmente, mas ela não mama.
Estou cansada, arrasada, frustrada. Triste!
Agradeço por poder alimenta-lá e estar crescendo e ganhando peso. Mas infelizmente não sou que estou fazendo isso. Tenho a consciência de que tentei tudo que pude e até onde pude. Mas é difícil aceitar 😭
Obrigada pelo seu relato. E vamos seguindo cuidando da saúde da pequena. Agora é o que importa. Seja c LA ou LM. O que importa é ela. 😘
Querida Aline,
Espero de coração que você esteja melhor.
Acho que a sociedade é muito cruel com nós mulheres em todos os sentidos. Somos obrigadas a acreditar que só há um caminho para tudo e, caso não consigamos percorrê-lo, somos perdedoras, incompetentes, menos eficientes. Com a maternidade é a mesma coisa. Nos culpam por tudo o que acontece fora daquela caixa pré-estabelecida desde a gestação. Com a amamentação não é diferente, por isso nos sentimos tão frustradas quando não conseguimos amamentar. Sua conexão com seu bebê é inabalável amamentando ou não. Fórmula não é ruim. Se é a forma como você pode amamentar, use-a e não se sinta menos mãe por isso. Quando eu aceitei a mamadeira e encarei-a como a fonte de alimentação de meu filho, provida por mim da mesma maneira que o peito, me tornei muito mais feliz. Fui uma mãe melhor. Um grande abraço para você.
Minha bebê está com quase 2 meses. E me sinto deprimida porque não consegui amamentar. Contratei uma especialista em amamentação. Tentei várias coisas mas não consegui. O pior é a tristeza que tenho. Parece que não consigo me ligar a ela. Porque toda vez que dou a mamadeira sofro. Mas foi muito bom ver seu texto. Muito obrigado.
Querida Elisabete,
Lembre-se de que a sua conexão com seu neném é única e independe de qualquer coisa. É uma conexão espiritual e transcendental. Não conseguir amamentar é frustrante, eu sei, mas o importante é que você está conseguindo nutrir seu bebê e dar o seu amor e a sua proteção a ele. Não conseguir amamentar pode trazer depressão pós-parto às mães, e este é um problema que precisa muito de ajuda e acompanhamento. Se você sente que não consegue conectar-se a seu bebê, procure um médico ou uma psicóloga e converse sobre isso. Vai te ajudar muito ter um acompanhamento profissional neste momento tão sensível e delicado. E é importante para você certificar-se de não está sofrendo de depressão pós-parto. Estou aqui torcendo por você e mandando minhas energias mais positivas. Um grande abraço. Maila
Oii Maila… tudo bem … obrigada por seu texto. Desculpa-me pela palavra mas é “reconfortante” de me sentir um “et” em saber que infelizmente essas coisas acontece… Tive toda ajuda possível pra amamentar, doula, consultura entre outras … mas infelizmente não estou conseguindo amamentar meu bebê … e estou infinitamente triste… mais suas palavras me deram um alento … muito obrigada 🥰🥰🥰
Ah, e as cólicas que citei acima, não eram simplesmente cólicas, era fome. 😭😭😭
E de tanto chorar e mamar e não ter retorno, engolia ar, e isso causava cólicas. 😓
Depois que entrei com LA, tudo isso passou.
Foi muito aliviante ler seu texto…tenho uma filha de 2 meses e pouco e passei pela mesma situação de perda de peso….quanfo ela estva com 15 dias ,fomos parar na na UTI ,foram os piores momentos da minha vida.A Odonto deu o diagnóstico que ela tinha a língua presa e não conseguia mamar com total eficiência no meu seio…Fomos atrás do médico para fazer a frenectomia e chegando lá ele disse que ela não tinha nenhum problema ,que ela tinja a l9ngua normal e que muitos bebês não aprendem a mamar…Tenho andando muito ,muito triste por não co seguir amamentar e tento mas ela rejeita meu seio ,me dá uma tristeza tão grande…😪ELA toma fórmula e ainda ordenho um pouco de leite …mas estou desistindo,pois cada tentativa de amamenta lá me deixa cada vez pior…
Olá Nazah!
Desculpa demorar tanto em respondê-la. Não deixe que a frustração tome conta de você, pois tudo o que faz mal a você faz mal ao seu bebê também. Temos uma conexão única com nossos filhos e eles sentem o que sentimos. Não há nada errado com você e para seu bebê, o importante é ser amamentado, não importa por qual ferramenta. Seu seio é uma ferramenta da mesma forma que a mamadeira e o bebê ficará muito feliz em receber o alimento das suas mãos, independente da ferramenta. Eu me senti muito mais feliz depois de que aceitei a mamadeira como ferramenta e nossa conexão jamais diminuiu, pelo contrário. A tranquilidade do momento nos uniu muito mais.
Antes demais, gostaria de agradecer pela partilha. Fui mãe no mês passado e acabei por ir um dia mais cedo para casa, do que o padrão no meu caso, muito à conta do Covid-19. Também eu tinha ideia que algo no meu leite não estava bem, uma das enfermeiras chegou a apertar tanto a minha mama que fiquei com uma negra!?.. Mas foi preciso ter que ir às urgências num hospital particular, onde a bebé teve que fazer fototerapia, para constatar, quando me extraíram leite, que este era muito pouco!
Culpei-me nos dias seguintes por no fundo ter colocado a minha filha a passar fome! Teve que passar a ser alimentada com fórmula e agora está a evoluir bem.
Mas vendem-nos a ideia que toda a gente consegue amamentar e depois é inevitável que uma pessoa se sinta inapta!
Olá. Muito obrigada pelo seu depoimento. Estou passando por isso agora. Minha filha esta com 50 dias. Me deram o bico de silicone no hospital, e com 15 dias, a pediatra falou para eu complementar pois minha filha estava perdendo peso. Com a mamadeira, ela parou de pegar o peito. Tentei tirar a mamadeira, dar de colher, mas foi muito estressante. Chamei consultoras de amamentação, tentei de tudo…. mas ela não pega o peito de jeito nenhum e eu tb não tenho mto leite. Ainda estou bastante frustrada de não ter conseguido amamentar. Foi mto bom ler o seu relato e o relato de outras mães. Obrigada por compartilhar!
Querida Tatiana,
Amamentar é muito importante e isso é inegável, mas estar bem para ser a melhor mãe para o seu bebê é mais importante do que tudo. Não se frustre, o seu amor é inegável. Se não der, se for demais para você, se estiver atrapalhando esse momento tão feliz e importante com o seu bebê, não sinta culpa. Liberte-se dela. Seu amor é único, seja peito, seja mamadeira. O importante é ter um bebê saudável e amado. Sinta meu abraço. Maila
Meu filho já tem quase sete meses e eu ainda me pego triste por não ter conseguido amamentar. Nosso caso se parece muito com o seu e com os de alguns comentários. Pra começar ele nasceu prematuro e isso prejudicou muito o meu estado emocional, me preparei pra bastante coisa mas não pra isso e não pra não conseguir amamentar, afinal a gente só escuta que toda mulher é capaz de amamentar e eu acreditava cegamente nisso. Meu bico é plano e a pele do seio extremante lisa e fina, ele não conseguia fazer a pega, eu tive pouca orientação no hospital e também não conseguia ajustar a pega dele. Só me lembro dele chorar muito nos dias que ficamos no quarto enquanto eu tentava colocar meu seio na boca dele pra ao menos estimular a descida do leite. Logo de início sugeriram o bico de silicone e eu usei a partir do quarto dia de vida dele mas não ajudou em nada, só serviu pra aumentar a minha sensibilidade no seio. Leite que é bom só “desceu” no sexto dia. Enquanto isso não tinha nem o colostro. Eu apertava, fazia ordenha e não saía nada. No sexto dia de vida consegui tirar 5ml de leite e ele só pegava o peito com bico de silicone, mas eu percebi que ele fazia muita força e não engolia nada, ele não estava mamando. No dia da alta dele eu comprei fórmula, pois a única certeza que eu tinha era a de que não gostaria de entrar em um hospital tão cedo e eu sabia muito bem as consequências de um bebê que não se alimenta de forma suficiente. Dei na mamadeira, mesmo sabendo que não seria a melhor opção, mas pra uma recém mãe que passava 90% do tempo sozinha com o bebê, tentar colher ou copinho seria mais um estresse e desgaste para nós dois. Eu não tinha condição física e emocional pra isso. Aos poucos consegui aumentar a quantidade bombeada pra 10 ou 15ml de cada seio. Assim foi até que ele conseguiu pegar o seio pra mamar, ele estava com quase dois meses de vida, fazia a pega e a sucção da maneira correta mas engolia poucas vezes então sempre continuava com fome. Perdi tanto tempo chorando, tive depressão pós parto, não conseguia me conectar com o meu filho, me sentia um fracasso de mãe e hoje ele é super apegado a mim, é uma criança saudável e tranquila, nós temos o nosso vínculo é isso tudo é o que importa de verdade. Ainda assim conseguimos seguir em frente mamando seio e fórmula até 3 meses e então o leite secou de vez. Eu me senti muito triste, mas ao mesmo tempo foi libertador porque eu não ia descansar um enquanto tivesse uma gota de leite que fosse e assim eu fiz. Cheguei ao meu limite. Fiz tudo o que pude pra salvar a minha amamentação. Fui ao banco de leite, contratei consultora de amamentação, tentei ser radical e deixar sem a fórmula por um dia (só o que consegui foi ter fralda seca e um bebê berrando de fome). Como disse no começo, eu ainda sofro por não ter conseguido amamentar, sei que cometi erros (alguns conscientes e outros não), mas eu fiz da maneira que consegui na época e insisti o máximo que pude. Espero que o meu relato, assim como os outros, possam ajudar mães que estejam sofrendo com isso.
Querida Paola,
Muito obrigada por seu relato. Ele sem dúvida é muito importante. Para mim, ler suas palavras mostram que não estou e nunca estive só. Me conforta muito. Nós sentimos culpa porque infelizmente vivemos num mundo que estabelece regras de certo e errado para a maternidade como se ela se ela fosse igual para todas as mães e como se nós não tivéssemos o direito de nos colocarmos em primeiro lugar na hora de tomar nossas decisões. A maternidade é diferente para cada uma de nós, nossa saúde mental é a coisa mais importante de todas nessa jornada, pois nossos filhos sentem o que sentimos. Você tentou, fez o melhor que pôde, lutou e precisou tomar uma decisão que com certeza foi a melhor para você e para o seu filho. Nunca deixe ninguém te dizer o contrário. Um grande abraço, Maila
Eu desmamei agora com 1 ano e não consigo superar, me sinto culpada de não seguir até 2 anos. Tinha muito leite, foi até difícil secar, mas eu não conseguia continuar por ter uma dieta bem restrita (meu filho é aplv, ovo, soja, banana, mamão e manga). Eu estava com 41kgs e super cansada, decidi desmamar, mas não estava segura, no quarto dia de desmame ele começou a ter febre por conta de uma infecção de garganta, me culpei, vi ele chorando de dor e querendo peito, quis voltar atrás, mas já não dava, já tinha saído da dieta e meu leite faria muito mal a ele ☹️ enfim, estou tentando superar, tentando me convencer que um ano de amamentação foi bom, mas não tenho conseguido.
Olá Luana,
Eu tenho certeza de que você fez a coisa certa. Amamentar até os 2 anos é para quem pode e muita mulher não pode. O melhor para o seu filho está sempre conectado ao que é melhor para você e se você não se sentia mais feliz e bem por amamentar, se te conhecesse eu seria a primeira pessoa a te apoiar na decisão de desmamá-lo. Não deixe que os padrões te frustrem. Espero que esteja melhor e que isso não seja uma frustração que você carregue. Um grande abraço. Maila
Obrigada por compartilhar, estou destruída. Fiz uma Cesária sem quere-la, com muito respeito e com o profissional que escolhi, mas ainda estou destruída por ter trazido meu filho ao mundo de forma artificial e de forma passiva. E a frustração de não ter leite. Ele tem 12 dias, e chego a ficar perdida com a alimentação dele, pois coloco no peito ainda. Só choro, olho para meu filho com amor, mas me sinto um fracasso! É uma angústia e uma tristeza que nunca imaginei sentir na vida.
Rosa querida,
Eu sinto demais por você estar se sentindo assim. Infelizmente, nós somos criadas idealizando a maternidade como se ela fosse igual para todas, como se houvesse regras a seguir, metas previamente estabelecidas a cumprir. Mas não é assim. A maternidade é única, cada uma de nós tem a sua, nenhuma é igual a outra. Temos que ter força para quebrar os padrões, só assim seremos capazes de ser feliz e de curtir nossos filhos. Pense que nada poderia ser mais importante do que trazer seu filho ao mundo com saúde. Não importa de que maneira. Não existe nada passivo na maternidade e nutrir nossos filhos é algo que sempre fazemos, com ou sem o nosso próprio leite. É você quem o alimenta, quem o acaricia, quem o acalanta. Você é a pessoa que mais o ama e tem uma conexão com ele que vai além de qualquer coisa. Uma coisa que foi muito importante para mim para não me sentir derrotada por não ter leite foi pensar bastante nos prós e contras da amamentação – que existem sim. Por exemplo: pude dividir mais o trabalho noturno de dar mama ao bebê com meu marido, pois não dependia só de mim. Quando eu estava num estado de exaustão muito grande, ele ia dar a mamadeira e eu podia dormir. Parece uma besteira, mas estar mais descansada fez muita diferença na minha saúde mental. Outra coisa: eu pude começar a ter um tempinho, nem que fosse meia hora ou uma hora inteira, ou até mesmo uma parte da tarde, para mim, fazer algo para a minha autoestima tipo ir no salão arrumar meus cabelos, passear no shopping e tomar um café com as amigas sem me preocupar. Nesses momentos ele ficava com o pai e eu podia relaxar. Para o meu marido isso também foi muito bom porque ele criou com o nosso filho uma conexão completa e um sentimento natural de que somos iguais para ele. Hoje em dia penso que isso foi bom. Além do mais, meu filho sempre foi um bebê muito saudável, mesmo tendo tomado fórmula o tempo todo. Um grande abraço e pense com carinho no que escrevi aqui. Maila