Alimentação escolar na Itália
Não sei se vocês sabem mas, diferentemente do que muitos têm em mente, na Itália não se come só massas e pizzas. A Itália foi eleita como o país com a população mais saudável do mundo, segundo índice de saúde Global da Bloomberg, que avaliou o nível de saúde de 163 países.
No ‘top 5’ do ranking mundial, está a Itália na primeira posição, seguida da Islândia, Suíça, Cingapura e Austrália. O estudo conclui que nem sempre países desenvolvidos estão entre os mais saudáveis do mundo, como, por exemplo, os Estados Unidos, que ocupam o 34º lugar, tendo em vista que 67,3% da população do país é obesa.
Itália, um país de alimentação saudável
Os italianos adotam uma dieta rica e bem equilibrada. Ingerem tudo com cautela, sem cometer excessos, sabendo combinar bem os alimentos. Tendo uma tradição tão forte na culinária, você nunca se perguntou como os italianos, em geral, mantêm a boa forma?
A dieta dos italianos é rica em nutrientes, vitaminas, sais minerais e óleos pouco gordurosos, o que a transforma em um verdadeiro caldeirão nutritivo. Também é baseada em uma pirâmide que equilibra alimentos regionais e sazonais. Prezam e valorizam a exatidão de comprar o alimento fresco e próximo do lugar da residência.
Porém, aprendemos com eles que o foco não é só a geografia do alimento, mas a saúde intestinal da população daquela terra. Em vez de falarmos sobre a “pirâmide alimentar italiana”, comecemos a falar sobre as pirâmides de alimentos com um caráter regional, como acontece aqui na Toscana, por exemplo. É cultural para eles que a comida cultivada no solo da própria terra é a que nos faz nos sentirmos bem e tem feito o crescimento de uma vasta população saudável.
Em toda a Itália, em qualquer restaurante, há sempre divisão dos pratos. O “primo piato” (primeiro prato) inclui massas, risotos, sopas ou algum carboidrato semelhante. O “secondo piato” (segundo prato) seriam as carnes acompanhadas ou não de legumes ou batatas… algum “contorno”, como é chamado. No entanto, dificilmente observa-se italianos comendo o primo e o secondo piato juntos, como no Brasil frequentemente comemos. Outra coisa que encanta é a quantidade de saladas e verduras (e que são bem variadas) que eles têm o hábito de comer e isso inclui as crianças.
O que comem as crianças italianas nas escolas?
Mas o nosso ponto agora é: o que comem as crianças italianas nas escolas? Será que eles também têm uma refeição adequada?
Como nos dias que as crianças almoçam na escola cerca de 50% de suas refeições diária é feita lá, isso torna-se uma grande preocupação dos pais que, por sua vez, na minha percepção durante esse 1 ano e meio que moro aqui, são muito exigentes.
Na escola dos meus filhos, existe uma merenda no meio da manhã, onde eles comem algo que levam de casa. Então fica a critério dos pais mesmo. A merenda é feita dentro de sala de aula e normalmente não usam lancheiras, são levadas direto nas mochilas.
Entretanto, na hora do almoço, os alunos comem no refeitório da escola. O menu é pago por nós. Funciona como um cartão no qual vamos carregando o crédito quando necessário. Custa em torno de 2 a 3 euros por dia.
Os menus são bem variados e sazonais. Tem o de inverno e de verão. Porém, todos dois são compostos de primeiro prato, segundo prato e sobremesa. Costuma acompanhar sempre uma cestinha de pães e um potinho de parmeggiano ralado para quem gostar. Exatamente como descrevi acima falando dos restaurantes.
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Normalmente, as escolas soltam os cardápios para nós pais com uma certa antecedência. Entretanto, confesso que isso me gera uma certa preocupação, pois muitas das vezes tenho a certeza de que meus filhos não comerão. (risos) Os menus são ótimos, muito bem combinados e montados, recheados de verduras, legumes, frutas e peixes, mas que nem sempre eles comem. E, nesse caso, não há substituições. Ou come ou não come! Mas sei que sempre se salvam com o primeiro prato e muitas vezes com a carne do segundo. De fome não morrem! Também sei que assim passaram a comer muitas coisas que não comiam em casa. Então, também teu seu lado bom, né?
A legislação italiana para quem se alimenta diferente
A legislação italiana em vigor ainda é pouco clara em relação a outros países europeus e as condições variam de comune para comune. A nível nacional, o Ministério da Saúde emitiu “linhas de diretrizes nacionais para catering escolar”, em que se prevê a possibilidade de os pais solicitarem menus alternativos para as necessidades étnico-religiosas ou culturais, com uma única autocertificação e sem a necessidade de um atestado médico.
Cada município transpõe essas diretrizes com modificações, por isso é possível que algumas administrações locais possam requerer o pedido do atestado médico ou simplesmente fazer desaparecer a palavra “étnica” deixando apenas a possibilidade de menus alternativos por razões religiosas.
Muitas municipalidades integram no formulário de aplicação das refeições escolares a opção de pedido para menus alternativos. Neste caso, deve ser destacada e explicada na lista cheia dos alimentos que você quer excluir e então fixar uma entrevista com o nutricionista.
Entretanto, acho importante ressaltar aqui que escolher que seu filho seja a única criança no refeitório a comer de uma forma diferente, ao meu ver, não é tão fácil ou pelo menos nem sempre é tão “natural” em qualquer idade. Ser apontado e observado como “diferente” pode trazer um certo desconforto, dependendo da sensibilidade da criança. Uma sensibilidade que não pode ser ignorada se o objetivo dos pais é criar um indivíduo sereno e equilibrado. Tem que se trabalhar bastante o princípio da autoconfiança.
E vocês? Como lidam com essa questão de alimentação dos filhos em outros países? Eles comem de tudo? Têm dicas para me ajudar? Vocês levam essa linha “menos dura” como eu ou são mais exigentes na alimentação deles? Me contem!
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[…] fevereiro 9, 2019 […]