No Brasil, há no imaginário popular, a ideia disseminada de que nos Estados Unidos todo mundo se alimenta de hambúrguer, batatas fritas, pizza e cachorro quente. Acredito que parte dessa crença tenha origem nos filmes norte-americanos, que assistimos desde pequenos e na experiência dos muitos brasileiros que visitam os parques da Disney, onde o fast food é o tipo de alimentação mais acessível e predominante.
Uma parte da população dos Estados Unidos realmente tem uma alimentação mal balanceada, rica em gorduras e açúcar, o que faz com que o país tenha um grande número de obesos. Me lembro que Michelle Obama, quando foi primeira-dama, lançou uma campanha intitulada Let’s Move (Vamos nos mover), que tinha como objetivo combater a obesidade infantil. Coincidentemente, li nesses últimos dias, que ela está lançando na Netflix um programa infantil voltado para a temática da alimentação saudável.
A alimentação diversa nos Estados Unidos
Quando falamos de alimentação, é preciso ter em mente que os Estados Unidos são um país muito grande e diverso. E a forma como a população se alimenta varia muito, dependendo de vários fatores, tais como: a região do país, a classe social, o grau de escolaridade, a etnia, dentre outros.
O último mapa da obesidade divulgado pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) destaca essas diferenças. Ele mostra, por exemplo, que a obesidade diminui de acordo com o nível educacional. Adultos que não concluíram o ensino médio representam a taxa mais alta de obesos (36,2%), em oposição aos adultos com formação universitária (25%), que têm a taxa mais baixa.
A imagem do americano obeso não é corriqueira em todos os lugares do país. Na cidade de Nova Iorque, principalmente em Manhattan, onde posso falar com mais conhecimento, ela é rara. O que é bastante comum, é observarmos pessoas com roupas esportivas, correndo, caminhando, pedalando ou carregando o seu tapete de yoga.
A alimentação dos Nova-Iorquinos
A maioria dos nova-iorquinos não costuma cozinhar em casa. Em geral, os apartamentos possuem cozinhas bem pequenas. Tudo bem diferente das casas enormes com cozinhas maravilhosas dos amigos que moram na Flórida, Texas e vários outros estados americanos onde o custo de moradia não é tão alto. Em NYC, com o ritmo de vida corrido, muitas pessoas almoçam apenas uma comida rápida e os que trabalham em escritórios, muitas vezes nem saem da frente do computador. Me lembro da cara de uma amiga americana quando eu comentei que no Brasil as pessoas costumam ter uma hora de almoço!
Mas comida rápida não necessariamente é sinônimo de alimentos pouco saudáveis. Vários restaurantes e lanchonetes de Midtown, bairro onde estão situados escritórios de muitas empresas, vendem saladas, sopas e sanduíches saudáveis, que alimentam parte da força de trabalho local.
Os restaurantes de Nova Iorque
Você já ouviu falar que em Nova Iorque há uma quantidade enorme de bares e restaurantes? Estima-se que você pode levar mais de vinte e dois anos para experimentar todos esses estabelecimentos, mesmo que visite um novo a cada dia. Em 2018, o Departamento de Saúde da cidade estimava a existência de 26.642 estabelecimentos distribuídos nas cinco regiões da cidade: 10.625 em Manhattan, 6.646 no Brooklyn, 5.999 no Queens, 2.396 no Bronx e 976 em Staten Island.
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A diversidade cultural da Big Apple, como é conhecida a cidade, aparece refletida também em sua gastronomia. Há inúmeros restaurantes de todos os tipos e preços. Uma amiga brasileira, que me visitou em NY, me chamou a atenção para essa diversidade, que eu já havia naturalizado. Marcamos almoçar juntas e quando eu perguntei se preferia um restaurante japonês, sírio ou tailandês, ela ficou espantada. Pra minha sorte, ela é do tipo animada para conhecer novos pratos. Pra mim, é sempre um pouco frustrante quando as visitas não estão abertas às novidades.
Os supermercados de Nova Iorque
Em supermercados como Trader Joe’s e Whole Foods, você encontra uma variedade de produtos interessantes. Ambos têm várias filiais em Manhattan e estão sempre bem movimentados. Existem também vários green markets, que são os mercados ao ar livre, onde são vendidos produtos locais e orgânicos. Eu gosto muito do da Union Square. Lá eles vendem legumes, verduras, frutas, pães, queijos, flores e vários outros produtos.
Mesmo nos supermercados mais convencionais de Manhattan, como Fairway, Mortan Willliams, Gristedes e D’Agostino sempre há opções de frutas e legumes orgânicos (com uma diferença de preço bem menor que no Brasil), assim como carnes, leite e derivados provenientes de animais criados livres, sem uso de antibióticos e etc. Em geral, também existem opções de produtos veganos e sem glúten.
Eu costumava comprar mais no Trader Joe’s, mas como ele não é um supermercado muito grande, eu complementava com alguns produtos do Fairway. Os outros três mercados tradicionais que listei não são muito grandes e são um pouco caros. O Whole Foods é excelente, mas também considero caro para fazer compras grandes.
A minha experiência em Nova Iorque
Como há comunidades de inúmeros países em Nova Iorque, eu e a minha família tivemos a oportunidade de provar sabores diversos. A gastronomia é uma parte importante da cultura dos países, e para nós, estar em Nova York representou uma oportunidade de conhecer um pouco mais de várias culturas distantes da nossa.
Conhecemos muito da culinária japonesa, por exemplo. Nós já gostávamos da gastronomia desse país, mas conhecíamos muito pouco (sushis, sashimis, rolls, guioza, tempurá, etc). Levados por um amigo filho de japoneses, tivemos a alegria de conhecer um restaurante ótimo, que tem sede em Tóquio, onde provamos uma variedade de pratos quentes. Gostamos tanto que viramos frequentadores assíduos.
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Tivemos experiências curiosas também. Uma vez fomos a um restaurante chinês chamado Jing Fong. Ele é mais frequentado pela comunidade de Chinatown e nós ficamos um pouco perdidos. Há um salão enorme, repleto de mesas, mas mesmo com várias delas disponíveis, eles colocaram a gente para dividir a nossa com outras pessoas. Umas garçonetes passavam com comidas em uns carrinhos, mas a maioria não falava inglês e a gente acabava não entendendo os pratos que elas estavam oferecendo. Foi uma aventura!
Nós frequentamos diferentes tipos de restaurantes na cidade. Com a chegada da pandemia, passamos a cozinhar mais em casa e a pesquisar receitas. Nos apropriamos de novos ingredientes e tentamos reproduzir alguns dos pratos da culinária de outros países que provamos em restaurantes. Foi um aprendizado bem legal!
E vocês, gostam de experimentar novidades como nós? Ou preferem comer os alimentos que já estão habituados?
2 Comentários
Eu também adoro experimentar comidas diferentes, e em lugares novos melhor ainda.
Conhecer outras culturas é sempre muito legal e a culinária faz parte desse conjunto, né? beijos