É um grande desafio ser mãe de filhos adolescentes. É necessário compreender a adolescência e exercer a empatia com os nossos filhos.
Antes de me casar eu tinha seis teorias sobre como educar filhos. Agora tenho seis filhos, e não me resta nenhuma teoria”.
Foi bem assim, como escreveu o poeta inglês John Wilmot que aconteceu comigo. Dois filhos, muitas teorias, pouca experiência e muitas expectativas.
Quando tive meu primeiro filho, segui a linha da minha mãe. Eu achava que ser mãe era estar no topo da pirâmide, ou seja, eu era a pessoa que sabia de tudo. Pelo menos, vamos dizer assim, eu achava que sabia. Mas logo tive que descer do meu pedestal e entender que eu não estava tão qualificada, como eu pensava, para dar conselhos sobre tudo na vida dos meus filhos. A única verdade era que eu cheguei na terra alguns anos antes deles, e que suas vidas não me pertenciam como eu pensava e desejava.
Foi muito duro, mas tive que admitir minha ignorância e aceitar que eu não poderia controlar tudo. E a partir daí foi que entendi: se eu continuasse a me colocar no topo da pirâmide, nunca seria amiga dos meus filhos e eles nunca iriam procura os meus conselhos.
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Já parou para pensar que os filhos sempre fazem as coisas que irão enlouquecer os pais?
É a mais pura verdade! Se eu parar e pensar nos conselhos que a minha mãe me deu na adolescência… entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Hoje eu acredito que se nós tivéssemos tido uma relação de mais amizade e confiança, tudo teria sido muito melhor e diferente.
E eu precisei de 15 anos para entender que um filho não significa um projeto meu, personalizado. Eu estou criando uma nova geração e quero que ela seja bem melhor do que a minha. Eu tinha que mudar meu comportamento para me aproximar e conquistar a confiança dos meus filhos. As mudanças às vezes são dolorosas, porém necessárias.
O que eu quero para os meus filhos?
A questão não era só um ensino moral e de valores, mas sim a exposição a eles. Essas exposições iriam influenciar, positiva ou negativamente, a vida deles para sempre. Para você entender melhor minha explanação e raciocínio, basta você se perguntar: eu quero que meus filhos sejam expostos a que?
Eu sempre quis expor os meus a todas as coisas maravilhosas e positivas que o mundo tem para oferecer. Ainda assim, também desejava que eles vivessem toda a essência da honestidade, do respeito ao próximo, empatia, gratidão, honra, paciência, tolerância, prudência, entre outras virtudes . Que todos estes ensinamentos morais fossem vividos e que não ficassem somente na teoria.
No fundo do meu coração, eu sabia exatamente que eles teriam que viver as suas próprias experiências. E te digo que não é nada fácil, para uma mãe aceitar este fato.
Eu queria muito educar meus filhos como eu fui educada. Achava que o método que minha mãe usou era prefeito e eficaz. Sabe de nada, inocente!
A verdade é que eu fui muito ingênua em achar que daria tudo certinho como uma receita de bolo. Dois filhos adolescentes diferentes, muitos estresses, vários conflitos, inúmeras conversas e discussões recheadas de brigas. E, por fim, é chegada a tão esperada hora de compreender e aceitar que cada indivíduo é único e singular. Demorou um pouco, mas que bom que eu consegui entender e resolvi por em prática.
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E foi com base nesses aprendizados que eu parei de prepará-los para algo. Foi na adolescência deles que eu tive a plena certeza de que eles não me pertenciam da maneira que eu achava e queria. É nesta fase da adolescência que nossos filhos tentam ser eles mesmos. Custei muito para compreender, ainda estou no processo de aceitação, praticando e me adaptando. Estou aprendo amar sem muito apego.
Mas, já vou adiantando a vocês, os nossos problemas não acabaram, só diminuíram bastante. Hoje eu tenho a certeza de que um dia tudo vai se normalizar e ele (agora só tenho um em casa) vai se tornar um adulto de bem.
O filho mais velho já saiu do ninho. Eu tenho aquela sensação de dever cumprido e esta é a melhor prova de que meu esforço valeu a pena. Agora é dar tempo ao tempo e esperar a hora do meu outro passarinho, vamos dizer assim, bater asas e voar.
Respeito e acordos
Nós fizemos um acordo. Cada um tem a obrigação de compreender o outro, respeitar a sua privacidade e seu momento. O silêncio às vezes é a melhor solução e pode evitar muitos conflitos. Ter filhos adolescentes não é fácil, mas também acredito que ser adolescente não é fácil. Eles estão em um turbilhão de mudanças e transformações que provocam muita insegurança. Querem reafirmar quem são e reclamar seu espaço no mundo, mas ainda estão tentando se entender para se tornarem adultos e seguirem seus próprios caminhos.
Um filho de 16 anos nunca teve 48, mas uma mãe de 48 anos já teve 16 um dia. Pensando assim, eu tive que descer ao nível dele para o diálogo entre nós acontecer. Rememorei a minha adolescência, para entender melhor a fase deles. Conversar, me colocar no lugar, entender as mudanças de humor, respeitar a privacidade, ter empatia e confiar mesmo desconfiando foram algumas das coisas que eu tive que aprender.
Muitas vezes, tentei não perder a calma, mesmo quando os meus nervos estavam à flor da pele. Comecei a observar e compreender as mudanças, transformações físicas e emocionais. Tanto as deles, quanto as minhas. Passei a falar das coisas que eu não achava certas, sem parecer ser a dona da verdade. E uma das lições mais importantes e difíceis estou tentando colocá-las em prática.: escutar mais e falar menos.
Continuo sendo eu mesma, uma mãe com muitas imperfeições, aprendendo a controlar minhas emoções, aberta para aprender, com um coração transbordando de muito amor e orgulho pelos meus meninos.